CTB presta solidariedade a estudantes que ocupam Assembleia paulista contra o roubo da merenda

Aos gritos de “estamos na rua, ô Geraldo a culpa é sua”, nesta quarta-feira (4), estudantes de diversas regiões da Grande São Paulo foram à Assembleia Legislativa (Alesp) levar apoio aos secundaristas que ocupam a Alesp desde ontem à tarde (leia aqui também).

A manifestação começou às 14h em frente à Alesp com a participação de dezenas de jovens representando entidades do movimento estudantil e social. “Cadê a Justiça? A merenda tá na conta da Suíça”, gritavam porque a polícia militar bloqueou os acessos e impediu os manifestantes de entrar.

Também gritavam a todo o momento “ocupar e resistir”. Palavras de ordem que vêm desde o ano passado nas cerca de 200 ocupações de escolas feitas contra a “reorganização escolar”.

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) levou toda sua solidariedade aos estudantes que defendem a  instauração da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Merenda (leia mais aqui).

Paulo Nobre, secretário-geral da CTB-SP foi um dos representantes da central na doação de alimentos e materiais de higiene pessoal.

O secretário de Políticas Sociais da CTB nacional, Carlos Rogério Nunes disse que “a CTB apoia integralmente este justo movimento da luta do povo pela valorização da educação pública”.

E reafirmou o compromisso da CTB com “a transparência e rigorosa investigação de toda e qualquer acusação de fraude, principalmente quando envolve alimentação de crianças e jovens”.

rogerio ato alesp estudantes

“Já não basta as acusações de corrupção nas verbas do Metrô e trens do estado, agora estão roubando a merenda das crianças e os deputados não querem investigar, causa indignação profunda em qualquer pessoa que almeje umfuturo com mais Justiça, solidariedade humana e igualdade de direitos”, disse Nobre.

Gicélia Bitencourt, secretária da Mulher da central em São Paulo afirmou que “não querem investir em educação pública porque não querem que os filhos dos pobres estudem”.

Emerson Santos, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, um dos ocupantes da Alesp, disse que o clima lá dentro estava tenso, mas um grupo de deputados os acompaha permanentemente para garantir-lhes a segurança. “Sempre paira a ameaça de a tropa de choque entrar e nso tirar daqui sem diálogo”, falou.

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O advogado Victor Henrique Grampa, presidente da Comissão de Direito Educacional e Políticas Públicas de Educação da Organização dos Advogados do Brasil, de São Paulo, disse em vídeo que ainda não havia nenhuma ordem de reintegração de posse até aquele momento.

“Mesmo que eles queiram reintegrar, eles têm que fazer isso dentro do Estado Democrático de Direito. E a gente ainda está no Estado Democrático de Direito e ninguém vai atropelar isso”, disse.

Ele explicou que existem muitos adolescentes dentro da Alesp e, por isso, é preciso ouvir o Ministério Público e o Conselho Tutelar. “Não é de qualquer forma que se faz as coisas”, afirmou.

O ator Pascoal da Conceição, o popular Professor Abobrinha do programa infantil “Castelo Rá-Tim-Bum”, solidarizou-se com os jovens e criticou a atitude do presidente da Alesp, Fernando Capez (PSDB).

“Jovens trazendo a educação para a linha de frente e o governo paulista mandando a polícia, é abominável”. Para Pascoal, “estão usando a tática da superação, uma tática nazista para vencer pelo cansaço e pelo terror”.

Dos 94 deputados, apenas 25 assinaram o pedido de CPI da Merenda. “faltam sete para o pedido poder ir adiante”, explica a deputada Leci Brandão (PCdoB). Carlos Giannazi, do PSOL teve uma conversa com Capez, que contou ter pedido a reintegração de posse.

Veja a disposição dos estudantes:

 

“A Alesp é um puxadinho do governo estadual”, disse. Enquanto Leci falava do dilema de ver que essas “crianças estavam aqui com fome e com sede, com tudo desligado e proibida a entrada de comida e água, tivemos que trazer alimento para eles. Essa luta é pela educação e deve ser motivo de orgulho para toda a sociedade”.

Os jovens levaram barracas e ergueram acampamento também do lado de fora da Assembleia e garantem permanecer ali até a CPI ser instaurada. “Não arredaremos pé porque defendemos um direito de todos que é o de uma alimentação adequada e uma educação de qualidade”, afirmou Emerson.

Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy – Fotos: Érika Ceconi

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