Entendendo o cinema como espelho das sociedades e da alma humana, o Portal CTB indica aos seus leitores, 11 filmes que podem levar a reflexões acerca do momento vivido no Brasil.
A escolha das obras foi feita de modo a propiciar uma necessária discussão sobre o passado, o presente e o futuro. São obras importantes, que de alguma forma contribuem para elevar o conhecimento e o debate acerca da sociedade, do país, do mundo e da vida. Aí vão eles:
A Onda (1981), de Alexander Grasshoff
Baseado numa experiência real numa escola na cidade de Palo Alto, nos Estados Unidos, quando um professor de história quis mostrar como ocorreu a ascensão do nazismo, na Alemanha.
Ele cria uma organização com palavras de ordem baseadas no ódio, na discriminação, que instigam a violência. Importante para mostrar como é possível manipular corações e mentes com mentiras e doutrinação.
1984 (1956), de Michael Anderson
Adaptação de obra homônima de George Orwell, onde a sociedade futura passa a ser vigiada e controlada pelo Grande Irmão. Sentimentos como o amor passam a ser proibidos e as pessoas devem prestar satisfação dos seus atos cotidianamente.
Muito atual nestes tempos de espionagem cibernética e “vazamentos” de conversas telefônicas privativas e de áudios suspeitos. E ainda a insistência da mídia em deturpar os fatos, em omitir e mentir.
O Grande Ditador (1940), de Charles Chaplin
Chaplin interpreta um barbeiro judeu, sósia de Adolf Hitler, nessa comédia que ironiza o nazismo. Um clássico e um libelo da liberdade.
O filme conta com cenas antológicas, como aquela em que o protagonista brinca com o globo terrestre como se fosse uma bola comum. Ficou muito famoso o discurso final do barbeiro judeu no lugar de Hitler, no qual diz que “gostaria de ajudar a todos – se possível – judeus, o gentio… negros… brancos. Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para a felicidade do próximo – não para o seu infortúnio.
Por que havemos de odiar ou desprezar uns aos outros? Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover todas as nossas necessidades”. Dispensa maiores comentários.
Muito Além do Cidadão Kane (1993), de Simon Hartog
Esse documentário, feito pela TV pública britânica, debate o poder da Rede Globo no Brasil. Mostra também a influência de Roberto Marinho na política brasileira. Um poder que “assusta”, como disse Chico Buarque no filme, por ser praticamente absoluto.
Marinho acaba se parecendo com o personagem do clássico de Hollywood “Cidadão Kane” (1941), de Orson Welles, onde o protagonista exerce poder de chantagem e manipulação impensáveis para qualquer cidadão que não detenha o monopólio da comunicação.
Tanga, Deu no New York Times (1987), de Henfil
Em comédia hilariante, Henfil cria o país imaginário Tanga, com uma população de 99% de analfabetos e, portanto, predomina uma ditadura.
O ditador proíbe a imprensa e só ficam valendo as notícias que deram no jornal The New York Times. Somente ele lê o jornal, no entanto, pois o país recebe um único exemplar do diário norte-americano, endereçado a ele.
Depois que lê, o ditador manda incinerar o jornal, para que não caia nas mãos de “grupos guerrilheiros”. Nessa “República de Bananas”, a disputa pela posse do único exemplar do jornal é acirrada, porque todos acreditam que a sua posse pode levar ao poder.
Cidadão Boilesen (2009), de Chaim Litewski
O documentário através de depoimentos revela as ligações de Henning Albert Boilesen (1916-1971), presidente do famoso Grupo Ultra com a ditadura militar. Seu apoio, assim como de muitos outros empresários, financeiro ao movimento de repressão violenta e também a sua participação na criação da Operação Bandeirante (Oban).
O Dia que Durou 21 anos (2011), de Camilo Tavares
Essa produção da TV Brasil com a Pequi Filmes documenta em três episódios, os bastidores da participação do governo dos Estados Unidos no golpe de Estado de 1964, feito para, segundo os golpistas, acabar com a corrupção no Brasil e convocar eleições no ano seguinte, o golpe se manteve no poder até 1985, quando ruiu depois de imensas manifestações populares pela democracia e pela liberdade.
Batismo de Sangue (2007), de Helvécio Ratton
O longa narra a história, baseada em fatos reais, dos freis Tito, Betto, Oswaldo, Fernando e Ivo, que apoiam as lutas contra a ditadura e mantêm ligação com a Aliança Libertadora Nacional, comandada por Carlos Marighela.
As cenas de tortura quando os padres são presos pela polícia política à caça de Marighela, chocam com tamanho realismo desse triste episódio da vida nacional. Usando os freis, o Doi-Codi cria uma armadilha para prender o líder guerrilheiro, que acaba assassinado no fusca onde estava, sem a menor chance de reação.
Pra Frente Brasil (1982), de Roberto Farias
Foi um dos primeiros filmes a retratar a repressão da ditadura fascista (1964–1985). Mostra os anos 1970, o Brasil tricampeão de futebol, em pleno milagre econômico, a perseguição aos opositores do regime se intensificam.
Predominam prisões arbitrárias, torturas, emboscadas e assassinatos, enquanto os ditadores patrocinam cantores e grupos com músicas ufanistas como “Pra Frente Brasil”: Noventa milhões em ação/Pra frente Brasil, no meu coração/Todos juntos, vamos pra frente Brasil/Salve a seleção”. E morte correndo solta nos porões do regime.
Quanto Vale ou é por Quilo? (2005), de Sérgio Bianchi
O filme faz uma analogia entre a escravidão e a atualidade. Com muita inteligência e emoção mostra que vivemos uma espécie de “servidão moderna”, onde a classe trabalhadora é explorada pelo capital sem a menor pena.
Impagável a comparação entre os capitães do mato – caçadores de escravos fugidios – e os atuais justiceiros e matadores de aluguel, com a mesma finalidade de proteger os poderosos.
O Palhaço (2011), de Selton Mello
Neste filme, o circo é apresentado como uma alegoria do país. A problemática cultural, social e existencial faz de “O Palhaço”, um dos principais filmes dos últimos anos, refletindo sobre a formação do povo brasileiro e a necessidade de avanços nas mudanças que possam promover a melhoria de vida das pessoas.
Portal CTB – Marcos Aurélio Ruy