Uma impressionante avalanche democrática e popular está tomando o Brasil.
Todos os dias, em muitas cidades de todas as regiões do país, se organizam assembleias, manifestações, passeatas, debates, reuniões, festas e encontros em defesa da democracia. São jovens, crianças, homens, mulheres, operários, intelectuais, trabalhadores, camponeses, profissionais liberais. As ex-empregadas domésticas da Casa Grande e os bons democratas de todas as origens formam um oceano humano apaixonadamente entregue à luta de resistência contra o golpe.
Um oceano de gente de todas as cores, de todas as raças, de todas as diversidades, de todas as pluralidades. Um oceano de gente louca pela liberdade e pela justiça ocupa as ruas, as praças, teatros, sindicatos, auditórios, escolas, as universidades – numa celebração emocionante em defesa da legalidade, do Estado Democrático de Direito e da Constituição.
Nesta trincheira de resistência – consciente e alegre – cabem todas as bandeiras, menos as bandeiras do ódio, da violência e da intolerância. Estas últimas, são marca registrada dos golpistas carrancudos, mal humorados e monocromáticos que só querem destruir; que não sabem construir – aliás, como deve ser cinzenta e aborrecida a vida de fascista movido a ódio, rancor e raiva.
A imprensa manipuladora, liderada pela Rede Globo e outras cinco famílias que deturpam a opinião pública no país, já não conseguem deter esta avalanche democrática e popular. Desta vez, a Globo não vai conseguir repetir o que fez em 1964 entorpecendo consciências; não vai conseguir emplacar um regime totalitário como aquele que por 21 anos sequestrou o futuro do Brasil.
Iludem-se aqueles que pensam que acelerar o golpe pode facilitar as coisas e antecipar a solução final para a crise, porque a cada movida no tabuleiro golpista, novas e mais poderosas ondas desta avalanche democrática e popular vão se formando.
A cada movimento do Temer, Cunha, FHC, Serra, Aécio, Moro, Janot, Gilmar, PF, MPF, DEM, PPS, PTB, PP etc para tentar derrubar a Presidente Dilma, um estágio superior de consciência democrática é alcançado.
A estas alturas dos acontecimentos, nada poderá deter a reação popular contra o golpe. A resistência democrática está atingindo o patamar que fez falta em 1954 e em 1964: Getúlio não teria se suicidado e os militares e a Globo não teriam instalado uma ditadura sanguinária.
Aqueles que promovem a ruptura da ordem democrática fraturam a convivência política e dividem o país, e por isso responderão pelas consequências da violência que estão promovendo.
Uma impressionante e poderosa avalanche democrática e popular está tomando o Brasil. A direita fascista está atraindo a favela para a Avenida Paulista. O povo pobre que vai descer o morro para defender a democracia descobriu o valor de poder ingressar na Universidade, de viajar de avião e de ser tratado com dignidade.
Os golpistas querem fazer o Brasil regredir ao tempo das escravas domésticas e do exército de 40 milhões de excedentes do mercado de trabalho. É contra esse retrocesso que esta avalanche democrática e popular se insurge. É uma questão de auto-defesa.
Jeferson Miola é integrante do Instituto de Debates, Estudos e Alternativas de Porto Alegre (Idea), foi coordenador-executivo do 5º Fórum Social Mundial.
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