Diante da atual conjuntura política brasileira em que as forças conversadoras estão tentando promover um golpe no governo eleito, diversos movimentos sociais em todo o mundo demonstram seu apoio à defesa da democracia.
O Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (Stal) de Portugal, filiado à CGTP-IN (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional), mandou uma nota para a CTB na qual denuncia esta iniciativa.
“No Brasil assiste-se a um processo extremamente agressivo, de grande complexidade e com objetivos bem definidos de derrubar a democracia política e social naquele país”, diz o comunicado.
Leia abaixo a íntegra da declaração:
Stal afirma solidariedade com o povo brasileiro em defesa da democracia e dos direitos sociais
No Brasil assiste-se a um processo extremamente agressivo, de grande complexidade e com objetivos bem definidos de derrubar a democracia política e social neste país, como objetivo indispensável aos interesses do grande capital mundial e do imperialismo americano. Pondo dessa forma um ponto final numa experiência que, não isenta de erros e caminhos às vezes sinuosos, desenvolveu de facto políticas que tiraram o povo brasileiro da miséria e da fome, garantiu o reconhecimento aos trabalhadores, apoiou a classe média, desenvolveu a participação e a democracia, o relacionamento com a luta dos povos da América Latina e com os países não-alinhados.
Por outro lado, desenvolveu essas políticas num país subdesenvolvido, onde a corrupção, a prepotência e a exploração eram a regra. Num país que não reconhecia a liberdade nem o direito dos brasileiros a uma vida digna, promovia a exploração e levava à prisão os trabalhadores que lutavam, os sindicalistas e todos os que resistiam.
Hoje, assiste-se à maior campanha interna e inclusive da imprensa mundial, desenvolvida pelo imperialismo e promovida por todos aqueles que sustentaram o regime torcionário de Fernando Henrique Cardoso e o qual nunca deixou de tentar derrubar as políticas desenvolvidas por Lula da Silva e Dilma Rousseff.
É verdade que o processo é complexo, que todos os dias somos bombardeados por notícias, quantas vezes falsas e quase sempre distorcidas ou parciais. Procuram demitir o governo e se possível, pôr na prisão os responsáveis pela alteração da distribuição da riqueza no Brasil. São exatamente os mesmos que há dezenas de anos atrás, levaram Lula da Silva à prisão por lutar pela liberdade e pelos direitos dos trabalhadores, que hoje com diferentes acusações o perseguem.
E nós no nosso país conhecemos bem os caminhos e as práticas da direita portuguesa, dos interesses económicos e dos seus governos, bem espelhados no ataque aos trabalhadores e à Administração Local que, à revelia da realidade efetiva, passaram a ser responsabilizados pela má gestão e até pela corrupção, com acusações e mentiras, sistemáticas de existirem trabalhadores a mais, de serem maus profissionais e de serem responsáveis pela corrupção.
Não ignoramos a existência de problemas, mas afirmamos, como sempre fizemos, que não há corrupção sem corruptores. Que os corruptores são, em primeiro lugar, os protagonistas do imperialismo, os donos do grande capital, da Banca, os grandes sectores económicos e são estes que atiram a pedra e procuram esconder a mão e querem fazer negócios chorudos com a reposição dos vidros que partiram.
Em Portugal, os trabalhadores e a Administração Local foram os que durante quarenta anos contribuíram para extraordinárias mudanças sociais no país e aqueles que mais e melhor resistiram aos últimos quatro anos de feroz ataque do capital e da direita mais reacionária.
No Brasil e no mundo, cabe aos democratas, aos sindicalistas, aos trabalhadores e ao povo resistir e lutar pelos direitos, pela liberdade e pela justiça social.
Assim, num processo sem dúvida difícil e complexo, cabe-nos reafirmar o apoio e solidariedade aos trabalhadores brasileiros e suas organizações de classe, ao povo brasileiro, aos democratas na sua luta em defesa da justiça, dos direitos e da liberdade.
A Direção Nacional do STAL
Lisboa, 17 Março de 2016