Portugal é um dos países europeus com a maior taxa de desemprego da região. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), mais de 1 milhão e 168 mil pessoas estão fora do mercado de trabalho ou em subempregos – o que corresponde a 22% da população. É neste contexto que a Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional (CGTP-In) realizará na sexta e no sábado (26 e 27) seu 13º Congresso na cidade portuguesa de Almada com o lema “Emprego com direitos, soberania e progresso social”.
O congresso é antecedido pela Conferência Sindical Internacional com o tema “Trabalho com direitos, contra a exploração, pela paz e solidariedade”, que acontece nesta quinta-feira 25 e conta com a participação de mais de 120 sindicalistas representando 88 centrais em todo o mundo.
O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, discursou na abertura do evento e levou seu apoio classista à Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses em sua permanente defesa dos direitos sociais, da valorização do trabalho, da democracia e do desenvolvimento soberano de Portugal, lemas que são caros à central brasileira. Representando a delegação cetebista no evento também está a diretora do sindicato dos Comerciários do Rio de Janeiro, Ana Paula Costa.
“Creio que o lema desta reunião – ‘Emprego com direitos, soberania e progresso social’ – sintetiza com sabedoria os objetivos fundamentais da classe trabalhadora e da nação portuguesa neste momento histórico. Podemos afirmar que corresponde também aos anseios, aos interesses e à luta da sociedade brasileira, bem como de outros povos”, afirmou Araújo.
O encontro ocorre em momento difícil para a classe trabalhadora em todo o mundo. As dificuldades da conjuntura política e econômica mundial, com forte ofensiva neoliberal e perda de direitos sociais e trabalhistas aproximam as realidades de diversos países presentes no encontro. O Brasil de hoje tenta e luta, justamente, para escapar do caminho que Portugal trilhou ao adotar as políticas de austeridade fiscal e cortes sociais.
Em Portugal, a taxa de desemprego entre os jovens é de 32%. Estes índices alarmantes se tornam ainda mais graves quando comparados à média nos países da União Europeia. Segundo relatório “Tendências Globais para a Juventude 2015”, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a média do desemprego na região é de 16,6%. O INE destaca ainda que a alta taxa de desemprego entre a juventude na Europa é consequência dos programas de austeridade implantados para supostamente “superar” a crise econômica internacional global.
Em 2011, Portugal começou a implantar estas medidas. O então primeiro-ministro conservador Pedro Passos Coelho adotou cortes de benefícios sociais, aumento dos impostos, diminuição dos salários e as privatizações, como a venda da maior companhia aérea do país, a TAP, em troca de um resgate financeiro no valor de 78 milhões de euros oferecido pela Troika (União Europeia, Banco Central e FMI).
A “superação” da crise que se anunciou, no entanto, não se concretizou. Ao contrário, as nefastas consequências destas ações não tardaram a chegar, com evidentes prejuízos à população, principalmente, à classe trabalhadora portuguesa, que sofre com a perda de direitos sociais e trabalhistas. Exemplo deste descontentamento é que de 2012 até 2015 foram realizadas 36 greves dos trabalhadores do metrô de Lisboa, contra a privatização do setor, sendo que 13 foram paralisações de 24 horas.
A população tem se mobilizado em greves gerais, que também se tornaram mais frequentes nos últimos quatro anos, respaldadas pela central sindical CGTP-in. Em meio a este cenário de instabilidade política e econômica, Portugal promete sediar um debate desafiador sobre o futuro do trabalho, da economia e da política mundial.
Leia a íntegra do discurso de Adilson Araújo na atividade
Érika Ceconi – Portal CTB