Em plena quarta-feira de cinzas (10), o cantor Cauby Peixoto completou 85 anos em franca atividade. Todas as segundas-feiras à noite ele se apresenta no Bar Brahma em São Paulo, infalivelmente.
“Meu negócio é cantar. Eu sou bom no palco. Saio do palco já fico meio triste. No palco brilha, né?”, disse ele em entrevista ao “Fantástico”, da Rede Globo, no ano passado. Destacou-se como uma das maiores vozes de todos os tempos com seu timbre singular.
Primo do também cantor Ciro Monteiro (1913-1973), nascido em uma família de músicos, Cauby destacou-se logo cedo nas rádios cariocas em que se apresentava nos anos 1950. Era pelo rádio que tudo acontecia porque a TV engatinhava em solo brasileiro e a internet nem existia.
Apesar de ter nascido em Niterói em 1931, iniciou carreira no Rio e atualmente mora em São Paulo, onde despontou também para a TV. A sua primeira gravação ocorreu em 1951 com o LP (em 78 rotações, ainda não havia CDs) “Saia Branca”.
Ainda nos anos 1950, ele fez temporada nos Estados Unidos. Lá adotou o nome Ron Coby. Voltou ao Brasil e seguiu interpretando ao seu estilo inconfundível as canções que sempre quis, sem ceder ao mercado, e assim tem se mantido como um dos mais importantes cantores brasileiros.
Sem se importar com modismos, disse ao UOL recentemente: “Comecei assim e continuo assim, mantendo o visual o melhor possível. É um cuidado especialcque a gente tem que ter. A gente cria um estilo e deve manter esse estilo para sempre, se apresentar desse jeito”.
Em 2007, ganhou o prêmio Grammy Latino como Melhor Álbum de Música Romântica com “Eternamente Cauby Peixoto – 55 anos de Carreira” e em 2011 levou o troféu pelo conjunto da obra.
No ano passado, chegou às telonas o documentário “Cauby – Começaria Tudo Outra Vez”, do diretor Nelson Hoineff, que mostra toda a sua trajetória de mais de 60 anos de carreira. Nat King Cole e Orlando Silva estão entre seus cantores prediletos. Ele sabe das coisas.
Trailer do filme Cauby – Começaria Tudo Outra Vez”, de Nelson Hoineff
Já no programa “TV Fama”, da RedeTV!, ele descreve sua trajetória e conta como cuida de sua voz: “Eu não bebo álcool, não me esforço, não grito com as pessoas. Me distraio muito com minhas músicas e acabo falando muito pouco. Acho que isso conserva minha voz”. Abençoada voz.
Entre os seus maiores sucessos estão “Conceição”, de Jair Amorim e Dunga, “Bastidores”, de Chico Buarque, feita especialmente para Cauby, “Preciso Aprender a Ser Só”, dos irmãos Marcos e Paulo Sérgio Valle, músicas de seu ídolo Nat King Cole, entre muitos outros.
Um pouco fora da mídia, que parece valorizar o sucesso fugaz, Cauby Peixoto atravessa os anos com um estilo refinado de cantar e um repertório afinado com o bom gosto. Sem dúvida, faz parte das páginas da história da música popular brasileira. Que continue brilhando. Como nos versos da homenagem prestada por Chico Buarque em Bastidores: “Cantei, cantei/Nem sei como eu cantava assim/Só sei que todo o cabaré/Me aplaudiu de pé/Quando cheguei ao fim”. Impossível não aplaudir.
Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB
Conceição (Jair Amorim e Dunga)
Bastidores (Chico Buarque)
Monalisa (Nat King Cole)