Fortalecer as produções de corpos de orquestras e óperas e valorizar o repertório de Heitor Villa-Lobos como representante máximo da composição sinfônica nacional. Esse é o intuito do projeto multimídia Alma Brasileira, lançado nesta terça-feira, dia 25, pelo ministro da Cultura, Juca Ferreira em parceria com o maestro John Neschling; o diretor geral do Teatro Municipal de São Paulo, José Luiz Herencia; e o diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, João Guilherme Ripper. O anúncio foi feito em Brasília, durante conversa com jornalistas.
O espetáculo, de conteúdo intrinsecamente nacional, estreia no Teatro Municipal de São Paulo, em maio de 2016, e será apresentado no Teatro Municipal do Rio de Janeiro durante as Olimpíadas Rio 2016. Com aporte financeiro de R$ 5 milhões do Ministério da Cultura, o projeto Alma Brasileira faz parte da estratégia de valorização e difusão em âmbito nacional e internacional da produção musical brasileira. “É preciso ressaltar onde a cultura brasileira se materializa e Villa-Lobos é um desses representantes. Como compositor, ele combina aspectos identitários e a diversidade cultural brasileira”, defendeu o ministro Juca Ferreira.
O maestro e diretor artístico da Fundação Teatro Municipal de São Paulo, John Neschling, compartilha da importância de Villa-Lobos para a valorização da cultura do Brasil: “Com suas idiossincrasias, ele se transformou em um mito que poucos conhecem. Suas raízes estão bem fincadas no Brasil. É a alma brasileira na música”. O maestro ainda explicou que a ideia surgiu a partir da pobreza da representação de Villa-Lobos no país e no exterior. “Eu sempre quis fazer um projeto desses, uma apresentação que o mostre como personagem, figura e gênio do século XX”, vibrou.
Alma Brasileira terá o formato multimídia, apresentado em duas telas gigantes envolvendo orquestra, coro e soprano solista em um ambiente visual e poético. Um diálogo entre música e imagens é estabelecido em uma fusão de sentidos, como um reflexo da personalidade de Villa-Lobos. O conteúdo audiovisual do espetáculo faz referência à diversidade dos brasileiros e será captado, editado e produzido especialmente pelo grupo catalão La Fura dels Baus, que alcançou fama internacional pelo trabalho com teatro digital, teatro de rua, ópera, performances e teatro contemporâneo.
Do Brasil para o mundo
Com os olhos do mundo voltados para o Rio de Janeiro durante as Olimpíadas, Villa-Lobos mostrará a alma brasileira nas apresentações de agosto de 2016. Para o diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, João Guilherme Ripper, as apresentações durante as Olimpíadas são motivo de orgulho. “Esse espetáculo reflete o nosso maior compositor. Villa-Lobos nos habita, ao passear pelo Rio de Janeiro, passamos por muitos locais que Villa-Lobos passava, como a Cinelândia, onde ele tocava violoncelo nos cinemas. Para quem vem ao Rio é importante apresentarmos com todo orgulho o que de melhor temos em termos de música, Villa-Lobos”.
Para o ministro, a oportunidade de apresentar a cultura brasileira durante o período é de extrema relevância para a valorização do nossos País. “Vamos contribuir também com o Theatro Municipal para uma parceria além das apresentações do projeto de Villa-Lobos para o período das Olimpíadas e Paraolimpíadas” se comprometeu Juca Ferreira.
Concebido como um tríptico, o projeto aborda três partes importantes da obra do compositor: A Floresta do Amazonas (1958), as Bachianas Brasileiras nºs. 5 e 6 (1938-1945) e os Choros nºs 6 e 10 (1920-1926). A sequência final oferece a perspectiva de um país que vive ao ritmo de danças, que ressoam em sintonia com o pensamento de Heitor Villa-Lobos: “Meu primeiro tratado de harmonia foi o mapa do Brasil.”
Depois das apresentações nos Teatros Municipais de São Paulo e do Rio de Janeiro, Alma Brasileira passará pelas cidades de Salvador e Belo Horizonte. O espetáculo poderá ser licenciado para outros teatros brasileiros e de todo o mundo. Assim, a produção irá levar a música e a cultura do Brasil ao território nacional e ao mundo. Serão programadas ainda apresentações em outras capitais mundiais em 2017.
Parceria para a música sinfônica
O projeto Alma Brasileira marca parceria estratégica inédita entre os Teatros Municipais de SP e do RJ para a primeira realização de uma produção conjunta.
“O primeiro chamado que o ministro Juca Ferreira sempre nos fez foi no sentido de buscar sinergia com outras instituições movidas por um pensamento de complementariedade e não de sobreposição. Trabalhar em cooperação dever ser entendido como uma exigência de qualquer instituição que se apresente de maneira contemporânea e principalmente nos nossos casos, os dois maiores teatros municipais do País”, pontuou o diretor José Luiz Herencia.
O apoio do MinC para a concretização do projeto também foi destacado pelo maestro John Neschling: “É a primeira vez que o Estado brasileiro assume sua responsabilidade em patrocinar a música do maior compositor brasileiro de todos os tempos. É o primeiro ato de política cultural consciente em relação à música de Villa-Lobos”
O ministro Juca Ferreira salientou que o projeto Alma Brasileira é o retomada de uma política voltada à música sinfônica da primeira gestão como ministro da Cultura. “É preciso uma política permanente, densa, ampla e de apoio à música sinfônica no Brasil. Estamos com uma parceria com o Ministério da Educação em que uma das áreas que eu acho muito importante é que a música sinfônica possa fazer parte a da formação das novas gerações”, declarou Juca ao convidar os representantes das instituições a participar deste processo.
Fonte: Ministério da Cultura, por Lara Aliano