Na última sexta-feira (24), o trabalhador chileno, Nelson Quichillao López, de 47 anos, morreu após receber um disparo por arma de fogo das Forças Especiais de Carabineros (FFEE), ele participava de um protesto em El Salvador (região mineira localizada na cidade de Diego Almagro, norte do país), outros manifestantes que estavam com ele ficaram feridos após a repressão policial.
Segundo o prefeito, Isaías Zavala, em entrevista à imprensa chilena, os Carabineros deram cerca de trinta tiros para liberar o acesso à empresa Geovita que estava sendo ocupada pelos trabalhadores, que estavam há quatro dias em greve e exigiam a instalação de uma mesa de negociação com a estatal Codelco (Corporação Nacional do Cobre de Chile).
Diante da gravidade do fato, o ex-presidente da Confederação dos Trabalhadores do Cobre (CTC), Cristián Cuevas, renunciou o cargo que exercia atualmente como adjunto trabalhista na embaixada do país na Espanha.
“Argumento minha decisão de não continuar exercendo esta função, por ser incoerente ao meu pensamento, pois meu principal dever é proteger os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras. Além disso, tomo esta decisão em solidariedade aos trabalhadores, suas famílias e especialmente ao companheiro Nelson Quichillao, que entregou sua vida pela causa dos trabalhadores. É impossível permanecer alheio a estas lutas”, expressou em nota divulgada nesta segunda-feira (27). Ele também afirmou estar “à disposição do movimento sindical para solucionar o conflito”.
Cuevas também exigiu uma negociação tripartite entre a CTC, a Codelco e as empresas e reiterou o chamado para a unidade da classe trabalhadora e do povo chileno e a convergência “com as novas vozes que se levantam em torno às injustiças históricas em nosso setor, demandando a negociação ramal setorial como o primeiro passo para diminuir a desigualdade social”, sublinhou.
Por sua vez, a CUT-Chile emitiu um comunicado no qual destaca a necessidade de uma nova legislação trabalhista para os chilenos “que avance nas relações trabalhistas equilibradas, onde o direito de greve e a negociação coletiva sejam respeitados e assim evitar situações de crises que levem a mais mortes”, diz o comunicado.
Nesta segunda (27), a central chilena se reuniu com a Ministra do Trabalho, Ximena Rincón e representantes da pasta para avaliar as necessidades dos trabalhadores subcontratados e debater as demandas do setor.
Após a morte de López, que era membro da Confederação dos Trabalhadores do Cobre (CTC), centenas se somaram à manifestação que já conta com cerca de 3.500 pessoas.
Érika Ceconi, com informações do El Ciudadano
Foto: Hernán Contreras, Agência UNO