A mídia comercial deu muito pouca importância, mas a cultura popular do Nordeste ficou mais pobre neste sábado (9) com a morte da cantora e compositora Dona Selma do Coco de falência múltipla dos órgãos, aos 85 anos. Ela foi a artista que mais difundiu pelo Brasil e pelo mundo o gênero musical coco, típico da região. Nascida em 10 de dezembro 1929, em Vitória de Santo Antão (PE), Selma Ferreira da Silva, vendia tapioca em Olinda, quando foi descoberta por integrantes do movimento manguebeat nos anos 1990, quando iniciou sua carreira profissional.
A Rolinha
Daí em diante adotou o nome de Selma do Coco para consagrar o ritmo que escolheu interpretar. Somente em 1996 teve a chance de se apresentar para um grande público no festival Abril Pro Rock. Nos anos seguintes, apresentou-se no Festival Lincoln Center, em Nova York, e no Festival de Jazz de Nova Orleans, além de fazer shows pela Europa. A convite do Instituto Cultural de Berlim gravou o disco “Heróis da Noite”, ao lado de cantores africanos.
Depoimento de Selma do Coco ao “Diário de Pernambuco”
Selma se destacou apresentando o coco que sempre inovando as tradições do ritmo acrescentando novidades à dança de roda e à cantoria que acompanha a dança. Tanto que ela foi escolhida em 2008 como um dos Patrimônios Vivos de Pernambuco. O maior sucesso da compositora foi “A Rolinha”, gravada no Carnaval de 1997. Mas o primeiro disco saiu somente em 1998, “Minha História”. Ela sempre enfatizou suas origens e a tradição cultural do coco em suas canções. Em 2004 gravou seu segundo disco “Jangadeiro”, ela teve nove discos gravados.
Chamada para Dona Selma
Ao lado de ícones como Clementina de Jesus, Elizeth Cardoso, Emilinha, Marlene e tantas outras vozes femininas da MPB, o canto de Selma do Coco além de comprovar a diversidade brasileira, mostra a necessidade de se respeitar as raízes culturais do país. Afinal a cultura se renova é com o trabalho de seus artistas populares das mais variadas vertentes, como o próprio o movimento inovador manguebeat, de Pernambuco, que descobriu essa grande artista.
Por Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB