Filme Alguém Qualquer estampa na telona os invisíveis da sociedade

A pré-estreia do longa nacional Alguém Qualquer, de Tristan Aronovich, na terça-feira (2) mostrou o porquê esse filme já ganhou diversos prêmios internacionais, antes mesmo de estrear no país. Com 114 minutos, a película conta a história de Zé (interpretado pelo próprio Aronovich), um humilde faxineiro de um prédio e restaurador de cadeiras de palha que acaba de receber o diagnóstico de que terá apenas seis meses de vida. A partir daí, ao lado de Jandira (Amanda Maya), uma prima distante que o faz conhecer o amor e uma vida diferente da sua rotina solitária, uma série de conflitos internos passam a aflorar.

 O filme traz à reflexão o que muitos “Zés” e “Jandiras” escondem em seu cotidiano: os sonhos, as vontades e os medos esmagados dessas pessoas transformadas em “invisíveis” por uma sociedade excessivamente calcada no individualismo e, portanto, insiste em ignorá-los. São milhões de faxineiros, zeladores e porteiros, enfim trabalhadores de todas as profissões, que formam os mais de 90% de brasileiros e brasileiras que trabalham, sonham, amam, sofrem e buscam a felicidade.

Entre os prêmios conquistados estão de “Melhor Longa-Metragem” no Logan Film Festival, o Boston Latino International Film Festival (BLIFF, na Harvard University) com o prêmio “Escolha do Curador” em Boston (EUA); o Prêmio Ouro 2013 na Califórnia Film Awards, na categoria Narrative Film Competition (competição de longa-metragem) e no Sedona International Film Festival, onde recebeu o prêmio “Director’s Choice Humanitarian Award” (Prêmio Humanitário) na categoria Longa- metragem.

Difícil entender a razão de uma obra tão comovente, de um cineasta brasileiro, seja obrigada a estrear antes no exterior. Ainda mais, quando trata de assunto tão pertinente à vida do país e de uma atualidade a toda prova. Com uma linguagem simples, Aronovich transformou a produção independente em uma verdadeira obra de arte em todos os aspectos. Direção acurada, elenco com excelente desempenho, fotografia simplesmente marcante, iluminação e trilha sonora que seguem a qualidade do roteiro e do enquadramento das cenas. O drama nos leva a uma reflexão social e existencial. Emoção garantida do início ao fim. O filme tem a capacidade de mexer de alguma forma com todos os que o assistem. Vale conferir.

Serviço

Alguém Qualquer, dirigido por Tristan Aronovich

Espaço Itaú Cultural de Cinema – São Paulo

Rua Frei Caneca, 569 – Consolação

Sala 6

14h – 16h30 – 19h – 21h30

 Trailer de Alguém Qualquer

 Depoimentos após pre-estreia do longa

 

Por Izabel Neiva

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