Neste momento de pesar pela morte de Roberto Gómez Bolaños, o Chaves, vale refletir e entender o que o seriado sempre tentou nos ensinar. O seriado mexicano “Chaves”, bastante popular e conhecido no Brasil, tem como objetivo principal o humor, entretanto, quando analisamos seus episódios mais a fundo, existe uma séria crítica social.
O próprio ambiente retrata um cortiço pobre em plena capital mexicana, nos anos 1970, período de repreensão política naquele país (e também no Brasil). Dentro daquele cortiço (que poderia simbolizar o próprio país, México, ou sem dúvida o Brasil e demais países latino-americanos) existe uma gritante diferença de classes.
Dona Florinda, seria a classe média, que mesmo sendo pobre se julga rica e é a que mais humilha as classes economicamente inferiores a ela, os chamando de “gentalha”. Dona Florinda simboliza plenamente a direita raivosa e injusta, pois sempre pune com seus pré-julgamentos. O sonho dela de sumir do cortiço, talvez, é perfeitamente representada com a classe média que sonha em ir embora para os Estados Unidos.
O capitalista, rentista, Sr. Barriga, lucra com aluguéis de vários imóveis e mesmo assim diz “só ter pra comer”.
Professor Girafales representa o político mentiroso. Sempre com um discurso politicamente correto, mas não hesita em esbanjar hipocrisia.
Em um certo episódio, os personagens Dona Florinda, Quico e Professor Girafales discutem a fome e pobreza na sociedade, comendo esganadamente biscoitos. Dizem “fome ser algo absurdo” e “ninguém olha para o próximo” ou ainda, “falta amor”, enquanto, o pobre miserável Chaves, está bem próximo, na frente deles, tentando comer talvez, ao menos, alguma migalha que é devorada rapidamente por Quico no final.
México e Brasil são países bem semelhantes quando se trata de desigualdades. Acredito, por isso, fez e faz tanto sucesso no Brasil e em todos os países pobres da América Latina.
Por Gregório Anaconi, ná pagina do Facebook Cristãos de Esquerda.
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