A crise de abastecimento de água no estado de São Paulo cresce assustadoramente. Nem com as chuvas recentes o nível do reservatório do Sistema Cantareira para de cair. “Agora que vamos entrar no verão, a situação pode piorar ainda mais porque o consumo de água aumenta nessa época do ano”, teme Rene Vicente dos Santos, presidente do Sintaema (Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente do Estado de São Paulo).
A questão principal, para Rene, é que o governador Geraldo Alckmin “insiste em dar bônus a quem diminuir o consumo e não promove um debate às claras acerca do problema para mostrar a verdadeira situação para os paulistas”, garante. De acordo com Rene, “o governo já deveria ter iniciado um racionamento bem programado para reduzir o consumo”. Mas um racionamento que não afete somente os mais pobres.
Além disso, o sindicalista alerta para a urgência de se combater o desperdício pelos vazamentos da rede de abastecimento. “A Sabesp assume o desperdício de 19% da água que está na rede, mas nós acreditamos que esse índice atinja ao menos 25% de água que vai pelo ralo”. Mesmo assim a empresa do governo do estado não deixa de aumentar a taxa de água e esgoto para os consumidores e ameaça aumentar ainda mais.
“Para acabar com a ‘indústria do vazamento’ é necessário a substituição de redes e levar esse debate a sério com toda a sociedade”, defende Rene. Porque se o vazamento da rede de abastecimento de água “for de 19%, como diz a Sabesp, já é muito”, acentua. “Imagine se a Congas com um vazamento de gás de 19%, explodiria São Paulo”, assusta-se.
Segundo Rene, o Sistema Cantareira abastece 47% da Região Metropolitana de São Paulo. “E a obra mais rápida para a captação de água tem previsão de 14 meses para ser efetivada”, revela. “Como fica o abastecimento da indústria, do comércio, das escolas, enfim de todos?”, questiona. Para ele, Alckmin é o grande responsável dessa penúria, porque o governo do estado já sabia do problema desde 2004 e não fez nada para resolver. “Realizamos nesta terça-feira um grande protesto para alertar a população para a gravidade do problema, já que a mídia comercial proteje o governador de todas as formas e escamoteia a informação sobre a falta de água em São Paulo”, reclama.
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Foto: Raul Duarte