O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), pode estar perdendo o bom senso, em sua busca desenfreada por culpados pela crise hídrica em São Paulo. Hoje (21) o nível da Cantareira, bateu mais um recorde negativo: 3,3%. Enquanto tem até Padre fazendo missa para que chova e a Sabesp define CPI como “teatrinho”, o Governador enviou uma carta com tom elevado para a ONU, criticado o órgão internacional pela visita da relatora portuguesa Catarina de Albuquerque, que criticou o governo paulista pela escassez de água. “A seca pode ser importante, mas o racionamento de água precisa ser previsto, e os investimentos necessários precisam ser feitos”, afirmou a relatora.
“Ela visitou São Paulo em agosto último de forma não oficial e acusou abertamente o governo de São Paulo pelos problemas de abastecimento de água que o estado vem enfrentando. Na nossa avaliação, sua Excelência, essa é uma violação do código de conduta de uma oficial das Nações Unidas”, afirmou o governador, sobre Catarina, que é relatora especial das Nações Unidas para o direito à Água e Saneamento.
Ao concluir o texto, o governador adota um tom acima do usual em comunicações diplomáticas. Ele afirma que se a ONU não retificar as informações prestadas por Catarina de Albuquerque, ele ficaria em dúvida sobre a habilidade da organização para realizar a Cúpula do Clima e demonstrar “propriedade, criatividade e liderança” sobre o tema. Dá a entender que não participaria do evento que estava prestes a ser realizado.
O documento foi enviado no último dia 09 de setembro, mas só se tornou conhecido nesta terça-feira (21). O tucano não compareceu ao evento. Porém, o Palácio dos Bandeirantes alega que o governador cumpriu agenda e não pode ir à Nova Iorque.
Quatro pontos da visita de Catarina incomodaram o Palácio dos Bandeirantes: o momento político de disputa eleitoral; a visita ter sido feita em caráter não oficial; o fato de Catarina não ter procurado a Sabesp (a última vez que ela havia feito isso fora em dezembro de 2013); e as acusações de falta de investimento em obras de captação de água.
Seguindo o vocabulário tucano nas eleições presidenciais, só faltou Alckmin escrever na carta que a ONU ou Catarina são “levianas”.
Veja a carta aqui, em inglês.