Mais de meio milhão de bolivianos se somaram nesta quarta-feira (8), em El Alto, no comício de encerramento da campanha à reeleição do presidente Evo Morales – o país vais às urnas no domingo (12). Em frente ao palanque – montado ao lado da estátua de Che Guevara, que tombou no país andino, no mesmo 8 de outubro, em 1967 –, um mar de bandeiras azuis do Movimento ao Socialismo (MAS) e ‘wipalas’, símbolo da rebeldia e da determinação indígena frente ao colonialismo, reafirmando a popularidade do projeto iniciado pelo governo em 2006.
“Enfrentamos os saqueadores e o modelo de assalto ao nosso país e nossas riquezas”, salientou Evo. “Superamos um histórico de golpes de Estado, ditaduras militares e intervenções do imperialismo. Isso acabou, graças à luta e à consciência do povo. Por isso não temos mais, no Palácio de governo, a embaixada dos Estados Unidos ou o Departamento Anti-drogas norte-americano. Estamos melhor no aspecto democrático, econômico e social. Vamos avançar ainda mais nos próximos cinco anos°, sublinhou Evo.
Ainda em relação ao passado não tão distante – em 2005, a pobreza extrema atingia quatro em cada 10 bolivianos –, o candidato à reeleição lembrou que, antes, falavam aos povos indígenas que serviam para votar, não para serem votados. “Nove anos depois, ensinamos os vende-pátrias, os imperialistas, os entreguistas e os separatistas como se governa”, sentenciou.
O presidente agradeceu o apoio e o compromisso dos movimentos sociais que se somaram para levar o projeto nacional a cabo e, agora, para aprofundá-lo. Ele também saudou a solidariedade das delegações brasileira e argentina presentes ao ato. “A unidade nos garante dignidade e soberania”, destacou.
Ele também comemorou a derrota dos separatistas dos estados da chamada “meia lua”: Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija. “Agora estamos unidos, somos uma lua cheia e construímos um país livre, com estabilidade e crescimento econômico, trazendo esperança e garantia para as futuras gerações°.
O ex-líder cocalero, disparado no primeiro lugar das pesquisas eleitorais, lembrou que antes das nacionalizações dos hidrocarbonetos o país recebia pouco mais de 300 milhões de dólares. Para este ano, o governo projeto cerca de sete bilhões. Evo defendeu que o país deve deixar cada vez mais de ser um exportador de matérias-primas sem valor agregado e alavancar a industrialização das riquezas naturais.
“Vamos transformar a Bolívia no centro energético da América do Sul. Este é um compromisso que afirmamos como política de Estado, não de governo”, assinalou. “Com investimentos em energias limpas”, destacou Evo, o governo boliviano potencializará a industrialização do país. “Pando será a capital da energia solar, Potosí da energIa térmica, e Tarija da termoelétrica. La Paz, por sua vez, será a capital da energia nuclear”.
Em relação à soberania do país, o candidato à reeleição comemorou o fato de a Bolívia não depender de mais ninguém: “O nosso Banco Central servia ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Agora, aceitamos cooperação, mas chantagem nunca mais”.
De La Paz, Bolívia
Felipe Bianchi e Leonardo Wexell Severo no ComunicaSul