Morreu nesta quarta-feira (23) Ariano Suassuna. Ele estava internado, desde segunda-feira (21) no Real Hospital Português, em Recife, após ter sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) hemorrágico. Suassuna, que tinha 87 anos, morreu às 17h15, de parada cardíaca, provocada pela hipertensão intracraniana. A família ainda não informou os detalhes do funeral.
O escritor, poeta e dramaturgo que nasceu em João Pessoa, na Paraíba em 16 de junho de 1927 e ainda adolescente mudou-se para Recife (PE) onde fez sua vida. Fundou o Teatro do Estudante de Pernambuco, junto com o amigo Hermilo Borba Filho, em 1946 e no ano seguinte, escreveu sua primeira peça teatral, “Uma Mulher Vestida de Sol”, seguida de “Cantam as Harpas de Sião” e “Os Homens de Barro”.
Mas Suassuna ficaria mais conhecido a partir de 1955, quando escreveu sua obra mais popular, “Auto da Compadecida”, adaptada duas vezes para o cinema, em 1969 e 2000. Outra obra muito conhecida é “O Santo e a Porca”, de 1957, onde aborda a avareza. Em 1989, passou a ocupar a Cadeira 32 da Academia Brasileira de Letras.
Carismático, Suassuna esbanjou simpatia por onde passou. Mais recentemente, apresentou sua “aula-espetáculo” por todo o Brasil, onde ensinou formas de arte para o público e mostrou a riqueza da cultura do país, contando histórias, “causos” e piadas. Suassuna mostrou ao povo brasileiro como ele é inventivo, engraçado, esperto e interessante e provou que não existe nada do lado de lá das fronteiras que possamos invejar.
Foi fundador do Teatro Popular do Nordeste e do Movimento de Cultura Popular e idealizador do Movimento Armorial, com posições claramente nacionalistas e em defesa da cultura popular. Ariano Suassuna deixa um legado como poucos grandes escritores conseguiu. Sem sair do Nordeste tornou-se um dos mais respeitados autores nacionais que transbordava orgulho de ser brasileiro.
Ele zombava dos brasileiros que depreciam tudo o que é feito aqui e valorizam em demasia tudo o que vem de fora. “Quem são os homens mais do que a aparência de teatro? A vaidade e a fortuna governam a farsa desta vida. Ninguém escolhe o seu papel, cada um recebe o que lhe dão. Aquele que sai sem fausto, nem cortejo, e que logo no rosto indica que é sujeito à dor, à aflição, à miséria, esse é o que representa o papel de homem. A morte, que está de sentinela, em uma das mãos segura o relógio do tempo. Na outra, a foice fatal. E, com esta, em um só golpe, certeiro e inevitável, dá fim à tragédia, fecha a cortina e desaparece”, disse Ariano Suassuna recentemente em uma aula-espetáculo.
Portal CTB com Agência Brasil