O fato de considerar natural a formação do Brics Empresarial, com direito a voz e forte influência dentro do bloco, e negar o mesmo direito e status ao Brics Sindical, reivindicado pelas centrais, é um sinal “de que a velha e boa luta de classes não acabou” na opinião do ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, exposta durante o III Fórum do Brics Sindical, nesta terça (15), em Fortaleza.
Fica também evidente, segundo Carvalho, o complexo de classe alimentado pelas elites e pela mídia com o objetivo de alienar a classe trabalhadora e seus representantes dos centros de decisão política. Ele não se manifesta apenas no interior do grupo, onde apenas o governo brasileiro tomou uma posição clara de apoio ao pleito dos sindicalistas para oficializar o Brics Sindical, rejeitado pela Índia e recebido com pouca simpatia pelos demais governos.
Ele lembrou que quando o governo Dilma negociou com empresários e operários que trabalharam nas obras da Copa um acordo estabelecendo condições de trabalho e salários para evitar paralisações e protestos a mídia capitalista alardeou que autoridades e empresários da construção estavam cedendo a chantagens dos trabalhadores, mas nada fala do poderoso lobby patronal que faz vigília no Palácio do Planalto e no Congresso Nacional.
“Mesmo no nosso governo os empresários têm muito mais acesso ao governo do que os trabalhadores”, afirma, “mas considera-se natural que as elites tenham direito a sentar nas mesas de reuniões com o governo para reivindicar e a classe trabalhadora não”.
Carvalho defendeu um novo padrão de desenvolvimento nacional, considerando que o atual está esgotado. “Não pode ser o modelo neoliberal, concentrador de capital e agressivo à natureza. É preciso promover crescimento com distribuição de renda e respeito ao meio ambiente e para alcançar este objetivo a participação dos sindicatos e da classe trabalhadora é indispensável. Vamos gerar um novo modelo de desenvolvimento em fóruns como este”, complementou.
O ministro criticou a histérica ofensiva das forças reacionárias contra o decreto da presidenta Dilma que institucionaliza a participação dos movimentos sociais na definição das políticas públicas e salientou a necessidade de lutar para derrotar a ofensiva reacionária e garantir a ampliação dos espaços conquistados pelo povo e maior democratização das relações com os poderes constituídos.
De Fortaleza, Ceará
Umberto Martins – Portal CTB
Foto: Érika Ceconi