Diante da decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos que rejeitou a revisão de uma sentença contra o país na disputa com credores de títulos não renegociados, os chamados “fundos abutres”, o capítulo argentino da Federação Sindical Mundial (FSM) emitiu uma nota em rechaço à atitude. Leia abaixo a íntegra do documento.
Assim paga o diabo: A decisão da Corte dos Estados Unidos e os “fundos abutres”
Com o objetivo de desmontar qualquer ilusão sobre supostas bondades que possam ter circunstanciais sujeitos que se apresentam como amigos, o General Perón, em seu momento soube dizer “Assim paga o diabo”.
Nesta oportunidade, cabe aplicar esta sentença: quem acreditava que o governo da primeira potência imperialista ou as entidades surgidas que afogam os povos iam nos dar uma mão, ai têm a implacável resposta: a decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos. Ela outorgou legitimidade aos “fundos abutres”, tal como fizeram na primeira e segunda instâncias que atuaram à serviço dos poderosos interesses que representam.
O fundo NML, que comprou bônus por 48 milhões de dólares e pretende cobrar 1500 milhões, gerando de fato uma ameaça contra nossas reservas é parte do núcleo central do capitalismo concentrado e transnacionalizado que atua dentro de um sistema usurário extorsivo e delinquente estruturado em benefício do poder hegemônico global imperialista. Pretendem afogar economicamente nosso país para reestabelecer sobre ele mesmo o projeto neoliberal cujas consequências sempre foram nefastas para os povos e seus trabalhadores.
No entanto, esta crise que provocao império, os abutres e seus servos, devem transformar-se em uma oportunidade para definir uma política de verdadeiro confronto contra essa expressão do poder dominante que, se bem é agressivo e guerrista, já não é todo poderoso toda vez que uma greve e profunda crise o está afetando em seus próprias bases.
Consideramos que nos apresenta como Estado soberano um desafio, mas também uma oportunidade. Defendemos que é necessário estabelecer uma política de ruptura com o aparato financeiro imperialista, respaldar nosso país na Unasul e na necessidade de impulsar mais rápido a iniciativa do Banco do Sul, aceitar a integração ao grupo BRICS que criou um fundo de desenvolvimento e fomento para atender às resoluções do G77+China que ocorreu na Bolívia.
Com as resoluções adotadas nestes espaços soberanos, que constituem um respaldo para a defesa dos interesses nacionais e populares, deveriam contruir as bases para a formulação de uma nova estratégia, ou seja, poderiam mudar a matriz dos pagamentos, denunciar a jurisdição nova-iorquina, repatriar as reservas, declarar ilegítimas as pretenções usurarias, investigar a fundo a origem e os beneficiários desta dívida, assim como outras medidas que assegurem um horizonte de soberania e independência para nossa Pátria.
Neste cenário, o papel que a classe operária organizada deve cumprir resulta de primeira ordem. Deve impulsar com maior brio a unidade de todos os setores do campo popular, localizar com maior ênfase onde está o inimigo principal e orientar essa força plural para tornar realidade o aprofundamento das medidas de caráter estrutural e anti-imperialista, sem as quais não poderá conseguir que nossa querida Nação Argentina encare um verdadeiro processo de libertação social e soberania política.
Neste sentido, a Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA) , a coordenação da FSM Argentina e o capítulo argentino do Encontro Sindical Nossa América (ESNA), entre outros, devem colocar-se no desenvolvimento de iniciativas que permitam manifestar publicamente as posições contra este ataque imperialista, que deve facilitar o avanço para a construção de uma real força frentista plural e democrática, capaz de tornar realidade o empoderamento do povo para concretizar as transformações que desejamos.
Como integrantes da Federação Sindical Mundial da Argentina assumimos o compromisso de lutar para contribuir para a materialização desta grande reivindicação política do nosso povo, que é de derrotar definitivamente as ambições de dominação do capitalismo internacional, impedir o submetimento a seus projetos, evitar a apropriação das riquezas naturais das reservas energéticas e da preservação da desigualdade social produto da ainda insuficiente distribuição da riqueza.
Buenos Aires, Argentina – 18/06/2014
Coordenação Argentina da Federação Sindical Mundial (FSM)
Tradução livre do original Érika Ceconi