A mídia tucana parece estar muita preocupada com a decisão do ex-presidente Lula de ser um ativo “cabo eleitoral da Dilma”, como ele afirmou na convenção nacional do PT. Nos jornalões e tevês, os “calunistas” apostam na cizânia e garantem que esta postura revela a fragilidade da atual ocupante do Palácio do Planalto. Recentemente, porém, o PSDB exibiu FHC num programa de TV e Aécio Neves jurou que o tucano-mor seria a estrela da campanha do partido.
A decisão de levar FHC para a TV foi do próprio Aécio Neves.A decisão de levar FHC para a TV foi do próprio Aécio Neves. Quando FHC foi acionado, a Folha tucana comentou: “Pela primeira vez desde que deixou o Palácio do Planalto, há 12 anos, Fernando Henrique Cardoso terá um depoimento seu levado ao ar como trunfo de uma campanha presidencial do PSDB… A decisão de levar FHC para a TV foi do próprio senador. Aécio disse a interlocutores que o partido não pode ter ‘medo’ de fazer uma leitura política correta e ‘altiva’ de seu passado, nem ‘vergonha’ de nada que fez. De acordo com pessoas próximas ao mineiro, ele tratou a exibição de Fernando Henrique como uma deferência pessoal ao ex-presidente, principal defensor de seu nome dentro e fora do partido para a eleição deste ano”.
A mídia não fez qualquer crítica, talvez porque nem ela acreditasse que o mineiro cometeria este erro crasso. Pesquisa recente do Datafolha comprova que o ex-presidente é o pior cabo eleitoral do país e afasta eleitores.
Nas campanhas de 2002, 2006 e 2010, os tucanos José Serra e Geraldo Alckmin decidiram esconder FHC, temendo a fuga de votos. Afinal, ele deixou o governo com índices medíocres de popularidade. Ele não apareceu nos programas de rádio e tevê e nem foi acionado para os comícios da campanha. Vaidoso, o ex-presidente ficou magoado, segundo as especulações da velha imprensa. Neste ano, porém, o PSDB parecia que iria mudar de tática. Segundo a mesma Folha, “os tucanos avaliam que a imagem dele se recuperou do desgaste e que o ex-presidente vive o seu melhor momento. Há ainda a expectativa de que a associação de Aécio a FHC envie uma mensagem de ‘confiança’ ao mercado financeiro”.
A pesquisa Datafolha do sábado retrasado, porém, fez desabar o otimismo dos tucanos e da mídia – que continuam bem distantes da realidade. Ela indicou que 57% dos entrevistados não votariam, “de jeito nenhum”, num candidato indicado por FHC. Outros 23% disseram que “talvez” até votassem num nome apoiado pelo grão-tucano. Para desespero da oposição, o levantamento ainda confirmou que Lula segue sendo o maior cabo eleitoral do país: 37% garantiram que votariam, “com certeza”, no candidato indicado pelo líder petista. A influência de Lula é ainda mais forte entre os eleitores de renda baixa (47%), menor escolaridade (49%) e do Nordeste (55%) – para a histeria total da “zelite”.
Daí o acerto do comando da campanha de Dilma Rousseff de explorar ao máximo a imagem de Lula na TV. Ele é querido pelo povo, que sabe que a sua situação melhorou nos últimos doze anos. No reinado tucano de FHC, o desemprego bateu recorde, o arrocho foi brutal e os direitos trabalhistas foram surrupiados. Já nas gestões de Lula e Dilma, apesar das crônicas desigualdades do Brasil, a vida dos trabalhadores melhorou, com a geração de emprego e renda e as políticas públicas de justiça social. Isto explica a bronca da mídia tucana. E fica a pergunta: será que Aécio Neves, o cambaleante tucano, vai mesmo levar FHC para a TV? Ou ele será novamente descartado como bagaço?
Altamiro Borges é presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, jornalista e blogueiro.
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