O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou hoje ao presidente do Equador, Rafael Correa, "profundo desagrado" com a decisão do governo daquele país de submeter a uma arbitragem internacional a decisão de suspender a quitação de uma dívida de U$ 597 milhões que o Equador tem com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Correa ligou para Lula às 10 horas, para dialogar sobre as motivações do Equador para a questão da dívida. O Equador questiona a legalidade da dívida com o banco, por conta de irregularidades na obra. Na quinta-feira (20), o Equador anunciou que vai entrar com ação na Câmara de Comércio Internacional (CCI), em Paris, para resolver a questão.
Segundo assessores do Planalto, na conversa, além de falar de seu descontentamento, Lula teria dito a Correa que o Equador errou ao anunciar a moratória sem ter combinado antes com o Brasil.
Conforme informação de assessores de Lula, no telefonema Correa disse que lamentava o fato de as declarações dele à imprensa, em Quito, terem trazido "ruído" nas relações bilaterais entre os dois países. Disse ainda que Lula é uma referência para a geração dele, Correa, e um grande líder do continente.
Lula informou a Correa que chamara o embaixador do Brasil em Quito a explicar o que de fato está ocorrendo entre os dois países. E que, apesar de já ter conversado com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ainda quer falar de novo sobre as complicações existentes, visto que o financiamento da Hidrelétrica de São Francisco originalmente foi de U$ 243 milhões e, com dez adendos ao contrato, chegou a U$ 597 milhões. O Equador tem de pagar uma parcela de U$ 14 milhões em dezembro.
Lula disse ainda a Correa que, depois de conversar com o embaixador e novamente com o BNDES, tomará uma decisão, mas fará o comunicado pela via diplomática, por não querer alimentar um bate-boca pela imprensa com o colega equatoriano.
O governo do Equador, por sua vez, divulgou nota em que “deplora” a decisão do Brasil de pedir explicações ao embaixador brasileiro em Quito. Segundo informações do site da BBC Brasil, o Equador também defende na nota a resolução do impasse por meios jurídicos, previstos no contrato de empréstimo, sem afetar as relações diplomáticas entre os países.