A greve dos servidores municipais da Saúde auxiliares e técnicos de enfermagem, auxiliares de farmácia e auxiliares de saúde bucal é marcado pela insatisfação generalizada da categoria. O movimento grevista, que já contava com uma participação maciça dos trabalhadores, ficou ainda mais fortalecido depois da entrevista coletiva do secretário da Saúde, Stenio Miranda, que classificou como inoportuna a luta das categorias.
“O governo não se posiciona, e quando o faz, é para atacar os trabalhadores. Vamos mostrar para este governo o poder dessas categorias, vamos fazer uma grande manifestação em frenta ao Palácio Rio Branco para cobrar que a lei em vigor seja cumprida à risca. A prefeitura tem de sair de trás de escudo que é a Lei de Responsabilidade Fiscal, e fazer o que foi acordado em 2012. Tudo que está acontecendo é por falta de planejamento e gestão”, fala o coordenador da Seccional da Saúde, Célio Aparecido.
Raios-X é suspenso
A greve dos servidores municipais da Saúde, que teve início nas primeiras horas do dia 3 de fevereiro, ganhou mais um reforço nesta terça-feira com a suspensão dos serviços de Raio-X no Pronto Socorro Central, na UBDS do Quintino Facci II e na UBDS do castelo Branco por falta de pagamento à empresa que presta o serviço nas unidades.
A informação foi confirmada por uma funcionária da empresa SPX Diagnóstico por Imagem que preferiu não ser identificada. A funcionária confirmou que a determinação para suspender a realização de Raio-X nas três unidades partiu dos próprios funcionários terceirizados que estão com medo de não receber seus salários neste mês de fevereiro.
“A empresa tem cumprido à risca suas obrigações com os funcionários, mas sabemos que a prefeitura não paga a empresa há quatro meses. Também temos a consciência de que a empresa não vai conseguir pagar os funcionários se ela não receber o repasse da prefeitura. Está é uma semana de pagamento e todos estão com muito medo de não receber. Nós temos uma consideração muito grande pela população, mas, infelizmente, contra nossa vontade, tivemos que tomar essa atitude, ou então ficaremos sem salário”, afirma a funcionária da empresa SPX Diagnóstico por Imagem.
“Estamos solidários a luta dos servidores, pois esta luta já se tornou nossa. Enquanto a prefeitura não pagar a empresa não vamos fazer Raio-X. Todos os funcionários estão vivendo uma situação de medo e angústia, pois não sabemos se vamos ficar sem salários ou até mesmo se vamos ser demitidos. Nunca passei por isso na minha vida”, fala a funcionária.
“Esse é o Raio-X da Saúde em Ribeirão Preto. Esse governo está colocando a vida da população em risco. Eles não têm comprometimento com ninguém, seja servidor, seja terceirizado ou o próprio povo. A gestão da Saúde está doente e seriamente comprometida”, afirma o presidente do Sindicato dios Servidores, Wagner Rodrigues.
Sindicato convoca servidores da saúde
Na quinta-feira (06), o Governo sofreu duas derrotas: a Câmara Municipal defendeu a validade e a manutenção da lei das 30 horas e a Justiça obrigou o governo a dialogar.
A postura do judiciário se deu após o Sindicato entrar com um pedido e formalizar junto a 2ª Vara da Fazenda Pública, queixas sobre incorreções e abusos praticados pelo Governo Municipal durante a Greve na Saúde. Na Petição, o departamento jurídico do Sindicato questionou a omissão do Governo e afirmou que o Executivo age em “inusitada desobediência” à determinação da Justiça.
Vitória
A expectativa do departamento jurídico foi a de que a Justiça transformasse a petição em uma audiência, o que obrigaria a Prefeitura Municipal a rever a sua postura de intransigência e falta de diálogo. Depois de uma análise do processo e dos novos documentos apresentados pelo Sindicato, a juíza titular da 2ª Vara da Fazenda Pública, havia determinado a realização de uma audiência de tentativa de conciliação para o próximo dia 11, terça-feira.
Quando pretendia voltar à Justiça para questionar, mais uma vez, a legalidade da greve, a Prefeitura Municipal foi surpreendida com a audiência de conciliação conquistada. Derrotado ontem na Câmara e obrigado a dialogar pela Justiça, o remédio do Governo foi pedir a antecipação da audiência. Diante da delicadeza da situação, a Justiça antecipou a audiência de conciliação para hoje (sexta-feira, dia 7), às 15 horas. O Sindicato e a comissão de mobilização da greve se reunirão com o departamento jurídico e participarão da audiência.
Na opinião do sindicato, a intenção do Governo nunca foi negociar. Isolado, o Governo aposta em fazer com que parte da população se volte contra o Sindicato e os servidores municipais em greve.
“O que está acontecendo na gestão municipal da Saúde em Ribeirão Preto tem nome: Caos. Diferentemente da maneira pela qual o problema tem sido tratado pelo Governo, a recente onda de problemas na área da saúde não se apresenta como um fenômeno da greve dos servidores”, destaca Wagner Rodrigues, que completa. “A falta de remédios nas farmácias do município não foi causada pela greve. Materiais coletados de pacientes (sangue, urina) foram desprezados (perdidos) pela recusa de laboratórios em realizar a análise por falta de pagamento. Constantes atrasos no pagamento também foram o real motivo pela paralisação dos exames de raios-X, realizados por empresas particulares na rede municipal”.
A gravidade do problema foi percebida pelos vereadores que, por consenso, anunciaram a criação de uma Comissão Especial para acompanhar os próximos acontecimentos. A Justiça também percebeu a gravidade dos fatos e decidiu antecipar a realização da audiência de conciliação entre o governo e os servidores da saúde.
Diante da antecipação da audiência de conciliação, o Sindicato está convocando de forma emergencial os trabalhadores da Saúde para uma assembleia de deliberação nesta sexta-feira (07), às 19 horas, na sede da entidade – Onze de Agosto, 361.
Portal CTB com sindicato