Na opinião do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul (RS), o assédio moral é uma ameaça dentro das empresas e muito comum atualmente e consiste na exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções.
Para o Sindicato este, foi o principal motivo de paralisações da categoria na região no ano de 2013. Fora a Campanha Salarial, praticamente todas as mobilizações do período foram para tratar do desrespeito perante os trabalhadores.
O assédio moral é um grave problema enfrentado pelos trabalhadores e é luta constante do Sindicato dos Metalúrgicos. O ambulatório do sindicato recebe frequentemente pacientes vítimas de assédio moral. São trabalhadores que chegam desmotivados, com a autoestima baixa, com problemas de insônia, irritabilidade, distúrbios digestivos, dores generalizadas e sem vontade alguma de voltar para a empresa.
Já o Departamento Jurídico atende e dá encaminhamento a mais de 30 ações trabalhistas por assédio moral por mês.
Para o presidente do sindicato, Assis Melo, fica claro que a humilhação repetitiva interfere diretamente na vida do trabalhador, gerando sérios distúrbios para a sua saúde física e mental, comprometendo sua identidade, dignidade, relações afetivas, sociais e até o senso crítico, até que a vítima perca a noção de quem tem realmente razão naquele contexto. “O ambiente de trabalho acaba contaminado, provocando a competição sistemática entre os trabalhadores e, consequentemente, comportamentos agressivos e de indiferença ao sofrimento do outro. Todas essas circunstâncias deixam clara a degradação das condições de trabalho nos dias de hoje. É necessário que esse mal seja ostensivamente combatido”, destaca.
Assis salienta ainda que o combate de forma eficaz ao assédio moral no trabalho requer a participação de sindicatos, advogados, médicos do trabalho e outros profissionais de saúde, sociólogos, antropólogos e grupos de reflexão sobre o assunto. “A batalha para recuperar o respeito no trabalho e a autoestima deve passar pelos representantes dos sindicatos, das CIPAs, das Organizações por Local de Trabalho (OLPs), das Comissões de Saúde, dos Centros de Referência em Saúde dos Trabalhadores (CRST e Cerest), da Comissão de Direitos Humanos e dos Núcleos de Promoção de Igualdade e Oportunidades e de Combate a Discriminação em matéria de Emprego e Profissão que existem nas Delegacias Regionais do Trabalho. Devemos lembrar que a nossa Constituição Federal tem como princípio a dignidade da pessoa humana, ferida quando ocorrem situações que caracterizam o assédio moral no trabalho, pois, além de ser este a fonte de renda do trabalhador, também é o berço de seus sonhos e realizações pessoais e profissionais. O basta à humilhação depende também da informação, organização e mobilização dos trabalhadores.”
Para debater o assunto e procurar soluções, o sindicato foi um dos apoiadores do I Seminário da Serra Gaúcha sobre Assédio Moral no Trabalho, realizado em novembro. O evento contou com especialistas que debateram o assédio moral nas áreas da saúde, segurança, legislação, além de práticas que os sindicatos e empresas podem adotar. Ao todo mais de 50 entidades estiveram envolvidas na organização do evento.
Confira a participação do presidente do sindicato Assis Melo no seminário no link http://migre.me/hlc4R
Fonte: Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul