Francisco Pantera: “Papai” Noel – Um picareta em meu caminho

Um pantera incomoda muita gente…!

Dingobel, Dingobel, Dingobel…!

Não leia o meu repente 

“saia da aba do meu chapéu”

Vou continuar escrevendo

Ninguém pode com meu cordel.

 

Tenho sido criticado por alienados 

Por afirmar que o velhaco “papai” Noel é filhote do capital

Só faltava essa agora!

Ser julgado nas barras de um tribunal

Condenado a ser queimado como Herege 

Por combater uma mentira medíocre do mundo consumista social.

 

Por que tanta exaltação e referência ao “papai” Noel?

Qual o seu conteúdo sociológico e filosófico?

Qual o seu conteúdo estético artístico?

Se ele nem pertence ao nosso ideário patriótico 

Ele pra mim é uma figura estereotipada, 

Não chega nem nos pés do saci pererê nosso personagem folclórico.

 

O “papai” Noel é como os chifres 

Que botam na sua cabeça.

A tua “ideologia” subserviente 

Faz com que você nem se conheça 

Quem vive do ilusório?!…

Vive uma eterna batalha pra que o novo não floresça.

 

Minta para seu filho

Empregue a mentira na sua cultura

Não mostre pra ele…

Que as coisas da vida se conquistam com a luta

E verás: que mais cedo ou mais tarde

Ele será chamado de um grande filho da P#?!…

 

Pegue o seu “papai” Noel, imbecil… 

E pra seu filho der uma garrafa de sua genitora – A Coca-Cola

Alimente a mentira para as crianças

Proponha uma disciplina dessa ilusão na escola 

Não sou culpado pela sua ignorância 

O lixo cultural é algo que te controla.

 

Quanto mais próximo da burrice 

E mais longe da inteligência 

O ser humano afasta-se do “Mito” da cultura natural 

E vai absolvendo à cultura do capital em evidência 

Tudo vira mercadoria…

 O corpo, a alma, a religião… Ou seja, a cultura humana está em decadência.

 

Mas o que é a arte?

A apreciação do belo, do estético…

Um povo que preserva a sua cultura, seus mitos, 

Tem um comportamento intelectual ético.

Quando defendo a Cultura Nacional

Não nego por inteiro a Cultura Universal, porém, nego tudo que tem valor patético.

 

Esse “papai” Noel, que mais parece um porco capitalista 

O seu figurino e suas cores têm uma autora…

É a mesma que inventou o liquido preto do imperialismo 

A Coca-Cola é a sua genitora.

Pra mim é um grande lixo cultural

Todo poder, todo poder! Ao poder da vassoura!

 

Eu sou mais a Mãe D’água, a Vitória Regia…

O Curupira, o Mapinguari, o Saci Pererê,

O Boitatá, a Caipora, o Negrinho do Pastoreio 

A Cuca, o Preto Veio, o Boto Cor de Rosa e o Ilê Aiyê

Como esse personagem cocacoliano não existe

 Já chega de teretetê…

 

No meu processo de formação 

Adquiri convicção anti-imperialista

Aprendi que a humanidade 

Não tem saída sobre o sistema capitalista

Nego essa ideologia por inteiro

Seus mitos e conceitos estão todos fora da filosofia humanista.

 

Querem me convencer

A acreditar em mitos estereotipados

Sem valor estético patriótico

Pacotes de “cultura” enlatados

De falso valor espiritual 

Que servem pra formar um magote de zumbis alienados.

 

Embriagado sobre altas doses 

Do aparelho ideológico do Estado

O individuo vai se moldando 

Num sujeito cada vez mais alienado 

Não enxergando um palmo além do nariz 

Um criminoso egoísta mesquinho, que com o mundo real coletivo não está preocupado.

 

Vou escrevendo o meu cordel 

Não dou ouvidos pra qualquer quimera 

Tô mais afiado que nunca 

Estou com a astúcia de uma pantera 

Sou um poeta em busca do mundo de Sofia 

Não sou o capeta em forma de besta fera.

 

Eu não matei, Joana Darc 

Nem sou o Último Samurai 

Eu não nasci no brejo do cruz 

Nem sou Neto de Avohai 

O meu pai é um ser humano grandioso, e esse velhaco:

Que os idiotas chamam de “papai” Noel não é o meu pai.

 

A exaltação exagerada ao “Papai” Noel

É uma agressão a cultura nacional 

O nosso espetacular folclore 

Tem muito mais coisa especial .

Este é apenas um protesto

Contra a hipocrisia cultural.

 

Francisco Batista Pantera é Professor, Jornalista, Poeta e Presidente da CTB/RO

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