Fazer poesia
É pra quem sabe amar
Escutar um bom poema cantado
Faz o nosso espírito acalmar
São coisas pra quem tem cultura
Que o belo gosta de apreciar.
A poesia faz sua história
É uma arte milenar
É delírio de poeta
Ás vezes saudando o alemar
Ás vezes serve de protesto
Um instrumento que não se pode calar.
Pode ser a expressão da angustia
Uma forma do mundo enfrentar
Pode ser um ato romântico
Pra um lindo amor galantear
Pode vir em forma de brincadeira
Um singelo gesto pra gargalhar.
É grito de liberdade
Pra o mundo transformar
É protesto numa praça
De um escriba que não para de falar
Está na música do roqueiro
No samba da arte popular.
Está no forró pé de serra
Na forma do sertanejo cantar
Esta na catira
Na entoada do boi-bumbá
Está no fandango e no vanerão
Está na bolsa nova e no carimbo do Pará.
A poesia é a palavra
Buscando seu espaço no ar
A expressão de um maluco
Fazendo-lhe viajar
A beleza de uma dama
Que faz a gente se encantar.
A poesia é o futuro
Que faz agente sonhar
A poesia é o presente
Que não para de passar
A poesia é o passado
Que nos perturba sem parar.
A poesia esta aqui
Não está em nenhum lugar
Pode ser pra ouvir
Pode ser pra recitar
A poesia é o amor
Numa linda noite de luar.
A poesia é a loucura
Que tudo pode se imaginar
A poesia e o tédio
A solidão a nos devorar
A poesia é uma cantiga
Que ás vezes nos faz chorar.
A poesia é uma criança
Engatinhada pra andar
A poesia é a juventude
O seu caminho querendo identificar
É a melhor idade
O novo dia que vai chegar.
A poesia é o crepúsculo
A dialética do transformar
Quantidade gerando qualidade
Transformando tudo sem cessar
Qualidade gerando quantidade
“tudo que é sólido se desmancha no ar”.
A poesia está na filosofia
Na arte do pensar
Está no amanhã
No novo dia que virá
No nascer do sol
Que ninguém impedirá.
A poesia é arte política
O belo a serviço do socializar
Uma forma de protesto
Ao egoísmo que querem preservar
A poesia é pra o coletivo
Um mundo novo a conquistar.
A poesia está pra cultura
Assim como o mar está pro navegar
A poesia não é uma mercadoria
O seu maior está no encantar
Ou deciframos a esfinge
Ou ela nos devorará.
Não sou um grande poeta
Faço cordel num jogo de improvisar
Com este humilde estilo
Vou contribuindo pra ele preservar
Sem nenhuma vaidade
Vou continuar a prosear.
Saudações aos repentistas
Que de repente faz ideia rimar
Saudações aos cordelistas
Com seus folhetos a declamar
Saudações aos amantes da poesia
A literatura nos faz libertar.
Por Francisco Batista Pantera é presidente da CTB-RO, professor, poeta e jornalista