Nos dias 12 e 13 de setembro, a categoria farmacêutica esteve reunida em Manaus no 6º Simpósio Nacional de Assistência Farmacêutica e o 1º Encontro Amazonense de Farmacêuticos no Controle Social da Saúde: compromisso com o SUS. Foram uma realização da Escola Nacional dos Farmacêuticos e do Sindicato dos Farmacêuticos do Amazonas – SinfarAM, com o apoio da Fenafar.
Os eventos tiveram a participação maciça de farmacêuticos, estudantes e profissionais da saúde. Entre eles, representantes dos Sindicatos da categoria nos estados do Acre, Amapá, Pará, Rondonia, Piauí, Paraíba, Bahia, Sergipe, Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Associação dos farmacêuticos de Alagoas, além de profissionais do Maranhão, Roraima e São Paulo.
Foram dias de intensos debates que contaram com as presenças também do Secretário da Saúde do Amazonas, Wilson Alecrim, e do Presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter Jorge João.
Abertura
O amplo auditório no Hotel Da Vinci, em Manaus, recebeu na manhã da quinta-feira (12), os centenas de participantes inscritos, que prestigiaram o evento, promovido pela Escola Nacional dos Farmacêuticos, da FENAFAR – Federação Nacional dos Farmacêuticos, e pelo SinfarAM – Sindicato dos Farmacêuticos do Amazonas.
O Coordenador Geral de Assistência Farmacêutica e Medicamentos Estratégicos – CGAFME/DAF/SCTIE/MS, Luiz Henrique Costa, deu inicio às atividades com sua apresentação. Ele mostrou os histórico da profissão do farmacêutico, falou sobre os avanços na saúde e no acesso pela população, mas lembrou que há ainda um longo caminho a se trilhar . Mostrou projetos do Departamento de Assistência Farmacêutica do Mistério da Saúde, tratou sobre o uso racional de medicamentos, sua produção e distribuição. O Programa Mais Médicos do governo federal também entrou na pauta.
“A população precisa de Mais Médicos? Sim! E também de mais farmacêuticos, mais dentistas, mais assistentes sociais”, defendeu Costa, afirmando que os farmacêuticos precisam estar mais perto da população para que ela perceba sua atuação como profissional e a necessidade. “Esse auditório cheio já é sinal de mudanças”, concluiu Luiz. Ele trouxe também ao Simpósio uma equipe com quatro consultores técnicos para contribuírem nos grupos de debate.
Manaus1
A presidente da Escola Nacional dos Farmacêuticos, Silvana Nair Leite, saudou os participantes e reforçou a missão da entidade, que promove e organiza cursos, seminários, congressos e simpósios como esse buscando formar e preparar os profissionais para atuarem politicamente em seus espaços. E fez um importante chamado à categoria. “Não podemos fugir do nosso papel político e de responsabilidade com a sociedade em construção”, disse Silvana.
O presidente da Fenafar, Ronald Ferreira dos Santos, segundo expositor da mesa de abertura, reafirmou a importância da atividade ser promovida na região Norte do Brasil.
“É simbólico estarmos aqui. Mostraremos como o farmacêutico pode contribuir para o desenvolvimento do país”. Em sua apresentação, o presidente, que também é do Conselho Nacional de Saúde e coordenador do Movimento Saúde Mais Dez, trouxe reflexões necessárias: sobre a prática profissional, a lógica de produção e mercado em voga – em que o lucro é o que importa. E a saúde, disse, é “centrada na doença, em hospital e no médico. Por isso é fundamental insistirmos que a farmácia deve ser estabelecimento de saúde, não um comércio”. Falou também do Programa Mais Médicos que, mesmo tendo uma série de problemas, será muito positivo, “pois vai tirar do hospital a atenção, vai levar para a comunidade. Vai tirar da média e alta complexidade, e vai focar na atenção básica, vai tirar da doença e vai colocar na promoção da saúde. Por isso o programa está sendo atacado: por que vai afetar aqueles que fazem da saúde única e exclusivamente um negócio”. Falando sobre o SUS, ele destacou os principais desafios: gestão, recursos humanos, e financiamento.
Após as palestras, o 6o Simpósio Nacional de Assistência Farmacêutica iniciou em um formato diferenciado. Os participantes foram divididos em grupos temáticos para que pudessem juntos responder às provocativas questões propostas. Como “qual o papel e qual a função social do farmacêutico?”. Depois, os mesmos relataram o que foi discutido coletivamente para o comentário dos debatedores.
Debate e propostas
Entre os temas relatados: o reconhecimento da atividade farmacêutica, do profissional , a assistência farmacêutica e as diferenças regionais, as estrutura dos locais de atuação e as dificuldades. Alguns temas se repetiram, como a necessidade de conquistar mais espaços na sociedade, e o controle social – cuja participação da categoria é fundamental.
Além dos estudantes, que participaram ativamente, a diretora da Escola dos Farmacêuticos, Marselle Nobre de Carvalho, que foi uma das debatedoras, chamou a atenção para a presença de funcionários das Secretarias Municipal e Estadual de Saúde, que debateram bastante entre eles, não só dirigentes. “O debate está sendo bem qualificado também nesse sentido, já que não há só gestores, mas também técnicos. Todos aproveitando o espaço”. Outra questão importante observada por Marselle com a experiência dos grupos é que as agendas das entidades farmacêuticas do Amazonas (conselhos e sindicatos) têm um distanciamento muito grande e precisam estar mais alinhadas .
Debatedora convidada para a segunda parte do programa, Nirla Romero, da Abenfar – Associação Brasileira de Ensino Farmacêutico, apontou que ainda não está claro para os farmacêuticos o que é “representação” e qual o papel dos conselhos – sejam municipais, estaduais. “Nosso papel também, porque a profissão oferece um leque muito grande de possibilidades”, acrescentou, falando também sobre gestão e controle social.
“Que tal falar ‘participação social’ ao invés de ‘controle’?, sugeriu o Diretor do Departamento Intersindical de Estudos e Pesquisas de Saúde e dos Ambientes de Trabalho – Diesat, Arnaldo Marcolino. Ele também reforçou a importância dos farmacêuticos terem consciência de seu papel social, recorrendo ao passado da bela profissão.
Por fim, o Coordenador de Atendimento Técnico e Sindical do DIEESE, Airton dos Santos, falou sobre a “relação capital trabalho”, avaliou que hoje valoriza-se muito o individual e nesse contexto é preciso diminuir o distanciamento do trabalhador e da entidade que o representa. “Todo mundo está disputando espaço. É preciso dar força à sua entidade, pois é ela que luta pela valorização do profissional”.
“Esse encontro de indiscutivelmente tem uma programação belíssima. Você vê pelo volume de colegas que estão aqui presentes. O Conselho Federal de Farmácia não poderia se furtar de participar”, disse o Presidente do Conselho Federal de Farmácia, Walter Jorge João, que prestigiou o evento (foto acima).
Na sexta-feira (13), o debate girou em torno de um consenso a respeito do controle social é que, ao longo dos últimos 10 anos – desde a 1a Conferência Nacional de Assistência Farmacêutica, houve muitos avanços importantes na política de AF.
“Muito porque os farmacêuticos buscaram a sociedade como um ator importante para esses avanços, o que dá a legitimidade à reivindicação de que a defesa da Assistência Farmacêutica é um direito de cidadania, e não uma luta corporativa”, disse o vice-presidente da Fenafar, Rilke Novato. “Um grande trunfo desse simpósio é que os participantes saem daqui com mais conhecimento quanto aos conselhos de saúde, conferências e espaços de participação”. Sem dúvida, desse modo saem bem informados e dispostos a participar dessas instâncias em seus locais, cidades e estados.
“Eu não volto para o Rio Grande do Sul a mesma pessoa que chegou aqui. Dá pra enxergar aqui, no rosto de cada um que tudo valeu e valerá a pena, e que temos uma rede, e ela está aqui hoje. E vamos conseguir agregar muito mais pessoas”, declarou Denise Bueno diretora técnica da Escola, que salientou o papel social das universidades na formação do farmacêutico.
Aceitando o convite do Sinfar-AM, o Secretário de Saúde do Amazonas, Dr. Wilson Alecrim, novamente prestigiou o encontro de farmacêuticos. Ele compartilhou sua experiência na área da saúde, contou episódios da construção do SUS, parabenizou a iniciativa do Programa Mais Médicos do governo federal, falou sobre a importância do papel do farmacêutico e como a atenção básica evitaria certas patologias que resultam em doenças agudas. “Há cada vez mais a necessidade do envolvimento da farmácia e bioquímica nas ações de promoção à saúde”, defendeu.
Para finalizar, concordou com a colega sobre como o 6o. Simpósio Nacional de AF é capaz de transformar os corações e mentes dos participantes. “Esse debate é acima de um tudo um aprendizado. Ninguém que entra sai igual. A transferência de conhecimentos deve ser perseguida no nosso cotidiano”, disse o Secretário de Saúde do Amazonas, agradecendo a oportunidade de aprender mais com a Escola.
Na saudação final, a Escola Nacional dos Farmacêuticos e a Fenafar agradeceram todo o esforço e trabalho do Sindicato dos Farmacêuticos do Amazonas, especialmente da Presidente, Cecília Motta, e do farmacêutico Rodrigo Sena. Graças ao empenho pessoal da Presidente o evento foi um sucesso, trazendo figuras representativas da sociedade amazonense e compartilhando com a sociedade local na divulgação desse encontro. “Saímos daqui mais fortalecidos”, garantiram os dirigentes.
Ao final do dia, com as propostas compiladas, foi lida e aprovada por todos os presentes o produto desse encontro: a Carta de Manaus.
Fonte: Fenafar