Cinco anos da CTB-BA e o protagonismo dos trabalhadores baianos

“Quem trabalha é quem tem razão”, Wilson Batista

A seção Bahia da CTB nasce para responder a uma lacuna existente no sindicalismo baiano, sobretudo para se opor a apatia reinante do movimento sindical, na busca da sua superação e na construção de uma central renovada, unitária e de luta. Essas diretrizes nortearam a iniciativa de criação da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) nacionalmente. Evidente que o marco nessa sua fundação foi o seu primeiro congresso realizado em Belo Horizonte (MG), que reuniu mais de mil trabalhadores e trabalhadoras, em 2007, e na sequência a realização da etapa baiana, que entre as estaduais foi, com certeza, marcada por muito entusiasmo e participação.

A ação de nossas lideranças no movimento sindical sempre foi de destaque, desde a CSC – Corrente Sindical Classista, cuja presença na Bahia tem sido de vanguarda. Nesse sentido, a materialização da CTB oportunizou um ambiente novo, um espaço que era nosso por direito, mas que diante do hegemonismo na central em que nós atuávamos, era cerceada a nossa participação e a liberdade de decolar um voo próprio. Hoje, a CTB-BA consegue ter uma participação direta e permanente na luta dos trabalhadores. No Ministério do Trabalho é a central mais representativa e, do ponto de vista numérico, é indiscutível dizer que congrega os maiores e mais importantes sindicatos do estado.

Temos em nossas fileiras, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura (FETAG-BA), que aglutina mais 400 sindicatos de trabalhadores rurais, destes mais de 200 filiados à CTB, além de sindicatos importantes na indústria, como é o caso dos Metalúrgicos, dos Têxteis, dos trabalhadores da indústria das Bebidas, da Construção Civil, Sindicato dos Comerciários de Salvador e um conjunto de entidades da área de serviços, mais o Sindicato dos Bancários e a sua federação, que abrange Bahia e Sergipe.

Cito também a APLB Sindicato, que reúne quase 100 mil trabalhadores da educação e impõe para nós enormes desafios, principalmente no que diz respeito a um projeto de desenvolvimento no qual devemos dedicar nossa luta à aprovação dos 10% do PIB para o setor, bem como a destinação dos recursos provenientes dos royalties do petróleo e os 50% do pré-sal para a Educação. Tudo isso faz parte da nossa agenda prioritária.

Na Bahia, ressalto também que o nascimento da CTB é a grande novidade dos últimos anos do movimento social e popular. Reafirmo não ser à toa que nossa Central ocupa um conjunto de espaços institucionais que propicia um ambiente de diálogo entre trabalhadores, empresários e órgãos públicos, como a Agenda Bahia do Trabalho Decente, e está à frente do Conselho Estadual Tripartite de Emprego e Renda da Bahia. Seja dirigindo ou participando, procuramos responder a esta nova quadra na qual o movimento sindical ganha importância na vida política e levanta aspectos da necessidade de melhorar a qualidade de vida do trabalhador, de se investir mais em saúde, segurança e na melhoria da qualificação profissional.

A CTB-BA está de parabéns e o trabalhador tem motivos para comemorar. Temos sido enfáticos em cobrar do governo estadual uma posição clara sobre um melhor tratamento dos serviços e servidores públicos, a exemplo da Saúde. Entendemos ser necessário compreender mais e melhor a importância desse setor para a população que é carente e necessita de assistência. Desse modo, avaliamos ainda que o governo não encontrou o equilíbrio necessário para implementar uma política de valorização do profissional médico e dos profissionais de saúde, de um modo geral.

Não negamos que mais de 90% dos trabalhadores têm alcançado ganho real de salário além da inflação, mas o fato é que no Serviço Público prevalece ainda uma tendência ao contingenciamento, o que vem gerando enormes inquietações. Tudo isso revela para nós o quanto é fundamental que os governantes possam corresponder a uma justa política de valorização dos serviços e dos servidores públicos. Compreendemos inclusive que, na defesa da autonomia do movimento sindical, o caminho da luta também serve à política e um governo democrático e popular não pode legislar em causa própria. Esse, precisa enxergar que os trabalhadores correspondem a uma base social importante, que se traduz num alicerce fundamental que garantiu a eleição de Lula por duas oportunidades, no Brasil, e de Wagner na Bahia, abrindo espaço para uma nova realidade social, econômica e política.

Ao enxergar essa condição, é nosso desafio elevar o protagonismo da classe trabalhadora. Assim sendo, a CTB-BA tem plena convicção de que o remédio é lutar. Por esse motivo, aproveitamos a data de 14 de março para parabenizar a todos os construtores desta etapa, que embora ainda embrionária, em cinco anos correspondeu a um projeto vitorioso, conquistado num curto espaço de tempo e que irá propiciar, num futuro próximo, maiores êxitos para a classe trabalhadora baiana.


Adilson Araújo é presidente da CTB-BA

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.