Metalúrgicos da CTB-RJ fazem seminário de formação política

Na última quinta e sexta-feira (28 de fevereiro e 1º de março) aconteceu, no Vale do Ipê Country Clube, em Belford Roxo, o Seminário de Formação dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RJ). O evento contou com cerca de 50 representantes da categoria e foi marcado por um profundo debate político sobre os rumos do movimento sindical brasileiro e a conjuntura nacional e estadual.

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A primeira aula foi ministrada pelo secretário adjunto de Relações internacionais da CTB, João Batista Lemos que, em sua palestra, exaltou a importância do seminário para a formação política dos metalúrgicos, que será a categoria dirigente do futuro. Batista teceu fortes críticas ao capitalismo. “Só o socialismo tem condições de avançar para uma sociedade sem exploração. A classe que objetivamente mais luta contra a exploração é a classe trabalhadora e o futuro está nas mãos dela”, destacou Batista.

O dirigente falou também sobre a crise do capitalismo, lembrando que por luta dos trabalhadores e por conta da Revolução de 1917, o Estado de Bem Estar Social havia surgido e que, agora, diante da crise, os direitos dos trabalhadores e o próprio Estado de Bem Estar Social estão em xeque.

Sobre a conjuntura político-econômica do Brasil, Batista criticou o que chama de reprimarização da economia. Segundo o comunista, o País anda priorizando a exportação de commodities em detrimento da atividade industrial. Para Batista é necessário mudar a política macro econômica e a presidenta Dilma já deu os primeiros passos nesse sentido com a redução da taxa de juros. “É necessário manter a política de redução da taxa de juros, mas também precisamos investir mais em infra-estrutura e não dá mais para continuar com a política de superávit primário”.

Batista também citou a redução do câmbio como medida importante a ser tomada pelo governo e frisou a importância da resolução política que será proposta no próximo congresso da CTB. “A CTB, no seu Congresso, vai propor uma repactuação política no País, que tenha como foco a classe trabalhadora e os partidos de Esquerda”.

Batista falou também sobre a agenda política que será apresentada no congresso da entidade e que tem como pontos fundamentais: a redução da taxa de juros; fim do Fator Previdenciário; administração do câmbio; universalização dos serviços públicos (10% do PIB para a educação, 50% do fundo social do Pré-Sal para a educação; 10% do PIB para a saúde pública); reforma tributária progressiva com taxação de grandes fortunas; reforma agrária; reforma da mídia e do judiciário e; reforma política.

Batista encerrou sua fala colocando os desafios para se combater a burocratização sindical e apontou como caminho para enfrentá-la a unidade de ação; a ampliação das discussões com os movimentos sociais (com a criação de um fórum da própria CTB para isso); a democratização das eleições sindicais e a criação de comitês sindicais nas bases.

Economia do Rio de Janeiro é o tema da segunda aula

Após o término da primeira aula e uma parada para o almoço, recomeçaram os trabalhos no curso de formação. A aula teve como tema a Economia do Rio de Janeiro e o palestrante foi o Secretário de Formação Estadual, Marcos Costa.

Costa iniciou sua aula expondo o quadro de crise do capitalismo e afirmando que a mesma ainda iria perdurar por alguns anos. Segundo ele, é natural que a crise do sistema atinja a economia Brasileira. “O Presidente Lula, em 2008, afirmou que a crise seria uma marolinha, mas se olharmos para o PIB brasileiro em 2009, vemos que ele foi 0”.

O secretário de Formação, após a exposição inicial do quadro econômico mundial e das particularidades da economia brasileira explicou que a contextualização era necessária uma vez que não se pode debater a economia do Rio de Janeiro sem inseri-la no contexto nacional e internacional.

Marcos Costa apontou a economia argentina como um dos fatores que levaram ao baixo crescimento da indústria do Rio de Janeiro, uma vez que eles são os maiores consumidores de produtos manufaturados produzidos no Estado.

A aula fez um apanhado histórico das perdas do Rio de Janeiro destacando a ida da capital para Brasília, na década de 60 e o deslocamento industrial para São Paulo. De acordo com Costa, desde então o Rio de Janeiro disputa o segundo lugar no PIB e a grande virada econômica do Estado deu-se com a eleição de Sérgio Cabral, em 2006, quando o Rio de Janeiro passou a dialogar e traçar planos em conjunto com o Governo Federal. “A nova realidade do Estado pode ser atestada através de investimentos federais em programas com o PAC, por exemplo. Além disso, são marcos para essa retomada econômica do Rio de Janeiro a ampliação da CSN e da CSA, a instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), a execução do Programa de Modernização e Expansão da Frota (PROMEF), a construção da usina de Angra III, a implantação do Complexo Logístico e Industrial de Barra do Furado e a construção do Arco Rodoviário Metropolitano”, afirmou.

Costa frisou que foram investidos, nos últimos anos, mais de 26 bilhões por parte do Governo Federal e mais de 10 bilhões da iniciativa privada no Estado. Investimentos estes que geraram 500 mil novos postos de emprego e permitiram o desenvolvimento de 5 macro regiões no Estado (Rio de Janeiro, Baixada Fluminense, Costa Verde, Baixada Litorânea e Norte Fluminense). O comunista encerrou sua aula apresentando os grandes eventos (Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos de 2016), em conjunto com o descobrimento da camada Pré-Sal, como fatores que dão novo fôlego para a economia fluminense.

O dia seguinte (1º de março) começou com a palestra do companheiro Nivaldo Santana, vice presidente da CTB, que falou sobre o mercado de trabalho e as diversas ações do movimento sindical. Nivaldo também falou da importância da marcha dos trabalhadores em Brasília e elencou as principais bandeiras do movimento sindical. Em seguida foi a vez do presidente da FitMetal, Marcelino Rocha, que falou sobre o documento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que contém 101 propostas dos empresários com ataques diretos aos direitos dos trabalhadores. Marcelino conclamou a todos os trabalhadores a se uniram parar barrar essas medidas.

Por fim, foram formados dois grupos para debater as próximas ações dos metalúrgicos da CTB. Foram apresentadas diversas propostas para o crescimento da organização entre a categoria. Ao final, ficou definido que esses grupos farão novas reuniões para debater mais profundamente cada ponto apresentado.

Por José Roberto de Medeiros e Marcos Pereira

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