O Centro Antigo de Salvador foi tomado por milhares de pessoas que todos os anos cumprem o ritual de caminhar oito quilômetros até a Igreja do Senhor do Bonfim para pedir paz e forças no ano que se inicia. Mas, em meio a manifestações de fé e devoção, os trabalhadores aproveitaram para protestar em busca de melhores condições de trabalho. Foi assim que nesta quinta-feira (17), os sindicatos da base da CTB Bahia foram às ruas cobrar o fim das privatizações na saúde, valorização dos professores e o pagamento da URV.
“A lavagem é uma oportunidade extraordinária, onde o povo sai às ruas para pedir proteção aos deuses e nós aproveitamos e estamos denunciando que o governo do estado não cumpre com suas obrigações, continua pecador sem pagar a URV do servidor, enquanto discrimina pagando apenas a um ou outro seguimento do funcionalismo”, bradou a presidenta da Federação dos Trabalhadores Públicos do Estado da Bahia (Fetrab), Marinalva Nunes.
Com faixas, cartazes e vestindo o branco tradicional da lavagem, os trabalhadores protestaram ainda contra o arrocho salarial praticado pelo atual governo. De acordo com estudos do Dieese, propagado pela Fetrab, de janeiro de 1994 até então, o funcionalismo baiano acumula perdas da ordem de 33,54% para servidores auxiliares e de nível superior, além de 64,77% para os técnicos. “É necessário que o governo tenha um olhar mais criterioso para com esses trabalhadores”, ressaltou o presidente da CTB Bahia, Adilson Araújo.
Já o bloco em defesa da universidade pública, puxado pela Assufba Sindicato, denunciou a privatização dos hospitais universitários federais e teve como convidada especial a deputada federal Alice Portugal (PCdoB/BA). De acordo com a parlamentar, “essa é a manifestação popular mais importante para o povo da Bahia, é onde, além da fé, reafirmamos as lutas, as batalhas, todos os desejos e necessidades da nossa gente”. É dia de fé e de luta, lembrou Alice.
Por Wilde Barreto (Fotos: Eduardo Paranhos)