As demissões promovidas pelo Santander em todo o Brasil, em dezembro passado, ainda não foram bem explicadas e tão pouco aceitas pelos bancários. A fim de aumentar o diálogo entre entidades sindicais e banco, o MPT (Ministério Público do Trabalho) marcou uma audiência ampliada para a próxima quinta-feira (17), às 14h, em Brasília, com a participação de sindicatos e federações de todo o país.
Para o Sindicato dos Bancários da Bahia “é mais uma oportunidade de o movimento sindical cobrar da organização financeira o fim da rotatividade e evitar que mais desligamentos sejam feitos neste ano”.
Augusto Vasconcelos, vice-presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia (SSEB) acredita que o banco tentará ludibriar os trabalhadores para fechar acordo sobre as demissões. “Acreditanos que eles devem apresentar alguma proposta na tentativa de entrar num acordo acerca das demissões. Algo impensável para nós”, destacou o dirigente.
Manobra
Na Bahia, nesta sexta-feira, o Santander utilizou mais uma manobra para fugir do debate sobre as demissões feitas em dezembro passado. Além de não comparecer à reunião marcada pelo MTE (Ministério do Trabalho e Emprego), nna Superintendência, o banco tentou plantar uma falsa audiência no Tribunal Regional do Trabalho 5ª Região, em Nazaré.
De acordo com o Sindicato, a compromisso no MTE estava marcado há mais de uma semana, mesmo assim, os representantes da empresa espanhola não apareceram, confirmando o desrespeito com os trabalhadores.
O objetivo do encontro era sanar as causas pendentes entre as partes e cobrar do Santander explicações os desligamentos, já que a organização financeira não passa por crise. Muito pelo contrário, o lucro é alto. Para se ter ideia, entre janeiro e setembro, a lucratividade líquida foi de quase R$ 5 bilhões.
“O Santander tentou forjar uma audiência no TRT no mesmo dia e horário do encontro no MTE. Tudo isso para ganhar tempo. O próprio banco enviou email avisando. Portanto, a convocação é ilegal”, denuncia o diretor do Sindicato da Bahia, Adelmo Andrade.
Para o movimento sindical, a ausência do Santander é mais uma manobra para se esquivar da discussão.
A empresa já protelou a reintegração dos bancários para a próxima quarta-feira (16/01), quase um mês após a liminar concedida pela Justiça, que obrigava o retorno dos 31 funcionários demitidos na Bahia.
Rotatividade
Os dados do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) comprovam a prática perversa da empresa de demitir e não contratar. Enquanto a taxa de rotatividade no setor bancário ficou em 7,6% entre janeiro e novembro de 2012, no Santander, o índice chegou a 27,4% no mesmo período.
O levantamento ainda aponta que, entre janeiro e novembro, o banco espanhol contratou 14.367 funcionários e dispensou 13.700. Saldo de apenas 667 postos de trabalho. A organização financeira ainda tem coragem de dizer que o processo de demissões é, somente, um ajuste estrutural.
Cinthia Ribas com SEEB