O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil no Rio Grande do Sul (CTB-RS), Guiomar Vidor, representou a direção nacional da Central no 26º Congresso dos Trabalhadores do Chipre (PEO), realizado entre os dias 6 e 8. O evento contou com a participação de 644 delegados locais e de 42 dirigentes sindicais de 32 países de todos os continentes.
Manifestação de sindicalistas de 32 países contra a ameaça de cortes dos direitos dos trabalhadores
O Congresso da PEO teve como tema central o debate sobre a crise do sistema capitalista e, particularmente, a situação vivida pelo continente europeu e o país cipriota. O resultado final foram resoluções contundentes contra a política da ‘Troica’, assim denominada a ação conjunta do Banco Central Europeu, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da Comunidade Econômica Europeia (CEE). Eles condicionam adotarem medidas recessivas – arrocho salarial, cortes de aposentadorias, retirada de direitos e privatizações – para liberação de recursos aos países da União Europeia atingidos pela crise do sistema financeiro internacional.
A ‘Troica’ chegou a exigir do governo do Chipre a desnacionalização do gás e do petróleo de poços recentemente descobertos em seu território, o que não foi aceito pelo atual presidente cipriota, Dimitris Kristofias, que considerou as medidas intervencionistas para a soberania de seu país.
O Secretário Geral da PEO, Pambis Kyritsis, falou sobre o papel estratégico do movimento sindical cipriota, em apoiar a eleição de governantes que tenham compromisso com a luta histórica dos trabalhadores e contra as receitas da ‘Troica’, tendo em vista que seu único compromisso é sustentar o projeto neoliberal de apoio ao sistema financeiro e o grande capital. Ressaltou a necessidade do sindicalismo se manter firme na construção de um modelo social mais avançado, justo e igualitário.
Os congressistas debateram alternativas de luta para enfrentar as dificuldades impostas pelo patronato na renovação das convenções coletivas, denominados Convênios Coletivos, que tem sindo negados pelo patronato sob o argumento da crise econômica, o que significa a retirada de direitos e arrocho salarial.
O presidente da Federação Sindical Mundial, George Mavrikos, alertou para a ofensiva da ‘Troica’ e dos Governos alinhados a ela na retirada de direitos e na implementação de políticas antipopulares e antinacionais. Segundo ele, o movimento sindical europeu tem dado respostas insuficientes, não apontando alternativas concretas de saída da atual crise para a classe trabalhadora.
Vidor entre o presidente do Chipre e o presidente da Federação Sindical Mundial
O presidente do Chipre, Dimitris Kristofias, que é do Partido Comunista, prestigiou o evento e em seu discurso agradeceu o apoio recebido dos trabalhadores para enfrentar as imposições da ‘Troica’, mas admitiu ser muito difícil enfrentá-los. Dimitris afirmou que sua prioridade é o que é bom para os trabalhadores e para os pobres.
Durante audiência com o presidente da CTB RS, Guiomar Vidor, o presidente cipriota revelou ser grande admirador do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma Roussef por suas políticas em favor do desenvolvimento interno e pelas posições do Brasil nas relações internacionais. O presidente recebeu, no palácio do governo, a comitiva internacional presente ao Congresso.
Na ocasião, expressou seu agradecimento pela visita e situou os principais problemas enfrentados por seu país.
No encerramento do encontro, a delegação internacional, juntamente com delegados e populares, participaram de um ato organizado pela PEA e FSM, defronte a sede da Comunidade Europeia, na capital cipriota, quando denunciaram a política antisocial imposta pela ‘TROICA’ aos países e trabalhadores europeus.
“O Congresso da PEO foi uma demonstração de um sindicalismo de luta e consciente de seu papel no atual momento político e econômico vivido pelos trabalhadores europeus, que demanda uma maior unidade e um posicionamento mais firme dos sindicatos de toda Europa em resposta à crise do sistema capitalista e uma nova alternativa para os trabalhadores”, concluiu o presidente da CTB-RS.
Por Emanuel Mattos – CTB-RS