Utilizar o potencial energético para dar um salto de desenvolvimento no Brasil. Essa ideia, defendida pelos trabalhadores, marcou o debate sobre política energética e soberania nacional nesta quarta-feira (7/12), durante o terceiro e último dia do Seminário de Política e Atualidade, promovido pela CTB Bahia. Representantes do setor e dirigentes sindicais lembraram que o país tem enorme capacidade de crescer neste segmento, mas é preciso ampliar o planejamento e submetê-lo ao fortalecimento do estado nacional.
Para o dirigente da CTB Nacional, Divanilton Pereira, que abriu as falas sobre o tema, “o Brasil tem uma condição diferenciada de boa parte do mundo, pois tem uma matriz energética diversificada. O que falta é uma política estratégica para que esse segmento esteja a serviço de um projeto nacional de desenvolvimento”. Perreira destacou ainda a necessidade de avanços no marco regulatório e com medidas que coloque o Brasil como uma potência energética mundial. Ele defendeu ainda o fortalecimento da Petrobras. “É preciso ter convicção estratégica. O Brasil não pode permitir facilidades para que a sua riqueza tenha interferência internacional e que esteja em uma política para fora do país. É por isso que os trabalhadores devem disputar os rumos dessa nova política energética”, afirmou.
Como dirigente da federação potiguar de petroleiros, Pereira esboçou o desejo dos trabalhadores. “O pré-sal é uma das únicas oportunidades para financiar um novo padrão civilizacional do Brasil, não podemos discutir royalties submetidos a interesses nacionais, por isso estamos convencidos que é melhor determinar que esses recursos sejam para a educação, caso contrário vai acabar dispersando e perderemos essa oportunidade”.
Desafios
Com a descoberta do pré-sal e investimentos em outras matrizes energéticas como o biodisel, a energia eólica e outras, o coordenador regional da Agência Nacional de Petróleo (ANP), Francisco Nelson Castro, ressaltou que “vivemos num cenário positivo, mas não é um cenário confortável e nem de acomodação, porque temos uma demanda interna maior do que tem sido a nossa capacidade efetiva de produção”. O representante da ANP criticou ainda o que chamou de visões dogmáticas, transvestidas de culto ambiental, porque, segundo ele, o desenvolvimento do país e a ampliação da capacidade energética são convergentes. “O Brasil tem condições e tecnologia, mas precisa perder o medo de crescer e romper, do ponto de vista político e ideológico, um certo pudor com relação ao aumento das suas fontes de energia”, destacou.
Anfitrião do seminário que durou três dias e debateu temas de relevância na atual conjuntura nacional, o presidente da CTB Bahia, Adilson Araújo, disse que a iniciativa enriquece a luta dos trabalhadores. “Estamos vivendo uma nova realidade que demonstra que a elevação do protagonismo da classe trabalhadora serve à política. Dessa forma, é necessário romper com o corporativismo, analisando que o movimento sindical pode sim tomar partido e influenciar o ciclo de mudança, a partir da luta e da compreensão da realidade socioeconômica e política do país”.
Por Wilde Barreto