Na última terça-feira (20), centenas de pessoas participaram da 9ª Marcha da Consciência Negra, em São Paulo, que teve como slogan “Cotas Sim, Genocídio Não”.
A Marcha, que contou com a participação de dirigentes da CTB e de diversas entidades ligadas à defesa dos direitos da população negra, protestou contra os assassinatos de jovens negros na periferia paulistana e defendeu as cotas raciais.
“O nosso objetivo é fazer crescer a luta pela igualdade racial no Brasil. Por isso estamos aqui para reforçar o combate ao preconceito, à violência e exigir o direito às cotas raciais”, afirmou José Bitelli, dirigente da CTB-SP e do Sindicato dos Eletricitários. Também marcou presença na atividade o vice-presidente da Central, Nivaldo Santana, que reforçou a preocupação da CTB, contra o problema histórico enfrentado no Brasil.
Marcha contra violência
Para Edson França, presidente da União de Negros e Negras Pela Igualdade (Unegro), o Brasil tem avançado no que diz respeito a essa luta. “Mas apesar dos avanços que estão sendo dados serem positivos ainda tem muito o que se fazer”.
O presidente da Unegro pediu a atenção do governo para os assassinatos de jovens negros nas periferias. “A população negra acumula grandes desvantagens, continua sendo a principal vítima da violência, especialmente neste momento delicado de São Paulo.” Segundo França, é preciso garantir o direito à vida. “A nossa molecada precisa ter garantia de que vai nascer, crescer, viver. Hoje, ser jovem negro e ultrapassar a barreira dos 30 anos, é contrariar as estatísticas”, disse.
Participou da manifestação Nelson Gonçalves Campos Filho, conhecido como Nelson Triunfo, um dos responsáveis por introduzir a cultura hip hop no Brasil. O músico e dançarino, que atua em diversos movimentos sociais, disse que a violência contra o negro na periferia não é um problema atual. “Isso vem acontecendo há muito tempo, só que de uma forma mais enrustida. Antes, não tinha tantos celulares para filmar”, disse.
No âmbito da educação, os manifestantes defenderam que o estado aprove uma lei de cotas para as universidades e institutos paulistas, assim como fez o governo federal. Mas de acordo com Edson França, não basta oferecer vagas, por meio de cotas aos negros, é necessário também que se criem condições para que ele permaneça no ensino superior.
“Nós precisamos garantir que esses jovens negros e pobres almocem, jantem, tenham condução, livros, passeiem, vão ao cinema, ao shopping, à praia. Isso o governo precisa fazer, as cotas não têm sido acompanhadas desse reforço.”
Durante a marcha, que passou pelo vão livre do Museu de Arte de São Paulo, alguns grupos jogaram capoeira, outros cantaram músicas em homenagem ao líder negro Zumbi dos Palmares. Representantes da religião umbanda também benzeram os participantes.
Por volta das 15h, os manifestantes tomaram duas faixas da Avenida Paulista e seguiram, embaixo de chuva e granizo, até o Teatro Municipal de São Paulo. “Terminou no teatro porque foi onde se iniciou o primeiro movimento negro, em 1974, o Movimento Negro Unificado (MNU)”, explicou França.
Shows na Zona Norte
Já na zona norte da cidade, centenas de pessoas celebraram o Dia Nacional da Consciência Negra, no Parque da Juventude, que serviu de palco para shows, exposições e atividades culturais e artísticas diversas – tudo com o objetivo de celebrar a data, que marca a luta contra o preconceito racial.
A programação teve início às 11h e, durante todo o dia, foi possível participar de atividades educativas e musicais. Além de atrações musicais, foram promovidas atividades informativas sobre os programas municipais e estaduais de combate ao racismo, doenças sexualmente transmissíveis (DST/Aids) e assessoria jurídica.
Portal CTB com agências