“A APLB – Sindicato está sempre avançando e quebrando paradigmas”. A afirmação é do coordenador da APLB –Sindicato dos Professores da Bahia, o professor Rui Oliveira, com relação ao Seminário A Educação do Brasil num Contexto de Crise, organizado pela entidade no dia 28 de setembro, no Hotel Fiesta, bairro do Itaigara por ocasião da paralisação na rede estadual para protestar pelo não cumprimento da Lei do Piso.
Em vários estados, manifestações e mobilizações marcaram a data de protesto, mas na Bahia, os educadores da rede estadual “fizeram a diferença”. Diversas delegações do interior e da capital (600 pessoas) lotaram durante todo o dia o salão de convenções do hotel e desempenharam seu papel de educadores e cidadãos ao discutir e debater as mudanças que podem ocorrer no Ensino Médio.
O Seminário A Educação do Brasil num Contexto de Crise, foi promovido pela Diretoria de Educação da APLB-Sindicato, com a participação de representantes do MEC, CNE CEE, CNTE e Unidades de Formação de Professores, com o objetivo de aprofundar o debate, especialmente em relação aos impactos que a Modificação do Ensino Médio, previsto para implantação em 2013, pode afetar na qualidade de ensino dos estudantes e também no que diz respeito à formação profissional dos professores e trabalhadores em Educação.
Projeto de mudança
O MEC (Ministério da Educação) estuda um novo currículo para o ensino médio comprimindo as atuais 13 disciplinas em quatro áreas: ciências humanas, ciências da natureza, linguagem e matemática. A ideia do MEC é de que os alunos passem a ter disciplinas genéricas incluindo suas áreas específicas, em vez de matérias separadas. A área de ciências da natureza, por exemplo, incluiriam biologia, física e química. Álgebra e geometria fariam parte de matemática. Mas, no entanto, os profissionais da Educação e a sociedade como um todo não foi chamada para o diálogo.
Para Olívia Mendes a ideia de realizar o evento foi motivada pela preocupação que move a APLB-Sindicato no que diz respeito às modificações que o projeto traz, o qual vai interferir diretamente na formação do professor e em sua carga horária. Para a diretora também é inquietante o fator “sucesso” do aluno que pode vir a ser prejudicado seriamente. Ela também critica o fato da categoria e do Sindicato não serem convidados para o debate. “Qualquer modificação dever ser debatida e discutida incansavelmente com as entidades que se preocupam com a Educação. E esse questionamento ultrapassa a questão salarial, ele vai mais adiante porque implica na qualidade do ensino. As modificações que serão introduzidas pelo MEC focalizam o ENEM, mas será que todos os estudantes querem esta destinação?”, questiona a diretora.
Rui Oliveira conclama os educadores e toda a sociedade para o debate que para ele, deve ser ampliado também dentro das escolas. “O seminário é um importante começo porque o Governo Federal tenta mudar o Ensino Médio que está um caos e não insere os principais articuladores neste diálogo. Os professores têm que ser sujeitos neste processo ao invés de meros expectadores”, critica.
A vice-coordenadora da APLB, Marilene Betros, fez parte do grupo de palestrantes do período da tarde. De acordo com ela, não existe ensino de qualidade sem investimentos e reforçou a necessidade do aumento do PIB. “É necessário o aumento do PIB destinado para a Educação no Brasil em 10%. Em relação às mudanças precisamos alicerçar os professores para que sejam valorizados com o Piso e com a carreira. Não vai dar certo operar mudanças com a falta do debate entre o coletivo. O Ministério da Educação (MEC) estuda este novo projeto por conta do baixo desempenho no resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)”, explicou.
Participação massiva
O auditório do Hotel Fiesta esteve lotado e além dos professores da capital, os educadores de diversos municípios compareceram organizados em delegações e grupos. A professora Cristiane Santana do município de São Félix estava na expectativa de que o seminário dirimisse suas dúvidas. “Eu vim em busca de soluções e esclarecimentos neste momento de crise na Educação. Para mim o seminário pode ser um ponto de partida para uma reversão da situação atual”, concluiu. Opinião semelhante teve Jaires Mendes Ribeiro, do município de Jussara, Delegacia do Feijão. “Eu espero que o seminário atenda esta discussão da reforma. Eu sei muito pouco e o seminário com certeza vai contribuir para enriquecer as informações”, disse animado.
Representando a CNTE esteve presente como palestrante a secretária de assuntos municipais Selene Barboza que discursou sobre a formação profissional dos educadores, a carreira, a importância do professor. Selene também reforçou que qualquer mudança na Educação deve ser realizada mediante o debate junto aos educadores e a sociedade. “A CNTE já vem discutindo essa questão da mudança no Nível Médio há bastante tempo. A APLB-Sindicato está de parabéns e no caminho certo. Precisamos sim ampliar o debate antes de qualquer outra coisa”, explicou.
Outra palestrante, Maria Sufaneide Rodrigues, secretária de Assuntos Educacionais do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOSP), também elogiou a ação do Sindicato. “Eu acho fundamental os professores procurarem saber mais sobre esta questão do Ensino Médio. A proposta é transformar a grade de 13 disciplinas em áreas de conhecimento. É preciso discutir mais sobre isso”, pontuou.
A diretora de Educação Básica da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), Célia Tanajura, também compôs a mesa como palestrante e concorda com a importância do debate. “A discussão é muito importante para que possamos conhecer os desafios que irão surgir. Além disso, concordo que esse debate deva ser nacional, pois as soluções que vão surgir devem representar a vontade da maioria. Por isso a busca pelas informações é tão necessária”, destacou.
Na abertura do seminário o grupo ”Coletivo Poesia Além das 7 Praças”, formado por Tiago Oliveira, Luciana Estrela, o garoto Yago Barbosa e o bebê de colo Benjamim emocionaram o público entoando versos de Castro Alves e Damário da Cruz. Durante o evento foram distribuídos boletins informativos e os participantes puderam observar as fotos da greve que durou mais de cem dias.
Também estiveram presentes no seminário, o diretor da APLB-Sindicato Gregório Nascimento; a professora Selene Michelin Rodrigues, secretária de Assuntos Municipais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação; Maria Alba Guedes (CEE); Adilson Araújo da CTB; Wesley Machado, presidente da ABES; João Batista de Souza, professor da UFBA e Hilda Ferreira, coordenadora adjunta do Parfor, na UNEB.
Fonte: APLB-Sindicato