A constituição de uma vasta frente de luta contra as duras políticas de austeridade é o objetivo da cúpula social promovida pelas centrais sindicais CC.OO. e UGT, que reuniu, na última semana, em Madrid, representantes de cerca de 200 organizações.
Durante o protesto, o movimento manifestou o seu repúdio ao programa de cortes do governo e comprometeu-se a estabelecer um calendário de ações para travar “uma política que conduz o país à ruína e empobrece a população”.
Apelando a uma mobilização permanente, sindicatos e organizações sociais pretendem levar a cabo, durante o mês de agosto, uma série de concentrações e protestos junto de sedes governamentais, que culminarão com uma grande manifestação dia 15 de setembro.
Foi igualmente decidido lançar um abaixo-assinado exigindo a realização de um referendo sobre os cortes e as medidas anti-sociais aprovados pelo governo, à revelia do programa eleitoral do Partido Popular nas legislativas de Novembro passado. Caso o executivo recuse organizar a consulta, a Cimeira Social mostra-se determinada a realizar a auscultação popular na segunda metade de outubro.
Esta consulta poderá dar lugar à convocação de uma “greve geral cidadã”, segundo afirma uma nota das Comisiones Obreras. Como recorda a central, trata-se de um tipo de greve que é “algo mais dos que uma greve geral”, dado que pressupõe a paralisação “não só dos centros de produção e locais de trabalho, mas também o encerramento do comércio ou a suspensão de eventos desportivos”. A última greve com estas características teve lugar em 14 de Dezembro de 1988.
A Cimeira Social aglutina organizações e associações dos diversos sectores de atividade, designadamente de médicos, agricultores, sociólogos, ecologistas, economistas, estudantes, juízes e procuradores, engenheiros, professores, imigrantes, trabalhadores independentes e pequenos e médios empresários, futebolistas, várias associações de polícias e guardas civis, entre muitas outras.
Números alarmantes
Na semana em que a plataforma foi constituída, sob o lema “Querem arruinar o país”, o desemprego em Espanha atingiu um novo recorde histórico. Entre abril e junho, a taxa de desemprego galgou para os 24,63%, superando o limite máximo de 24,55% registado em 1994.
No total já há cerca de 5,6 milhões pessoas sem emprego, numa população ativa de 21,1 milhões indivíduos, segundo dados do Inquérito à População Ativa, publicado dia 27 pelo Instituto Nacional de Estatística.
O flagelo é ainda maior entre os jovens menores de 25 anos, 53% dos quais estão desempregados. Também o número de famílias em que todos os membros estão desempregados continua a crescer, tendo alcançado um milhão, 737 mil agregados, ou seja uma subida de 27% em relação ao período homólogo de 2011.
As graves dificuldades impostas às famílias traduzem-se ainda no aumento contínuo de despejos por incumprimento das prestações ao banco. De acordo com dados divulgados, dia 26, pela Plataforma dos Afetados pela Hipoteca, só nos primeiros três meses deste ano foram efetuados 46 559 despejos, calculando a mesma associação em mais de 400 mil o número de famílias despejadas desde 2008.
Exigindo o fim imediato dos despejos, a Plataforma lançou uma petição ao Congresso dos Deputados para que as famílias obrigadas a entregar as casas aos bancos vejam em simultâneo liquidada a totalidade da sua dívida, algo que hoje não sucede.
Fonte: Avante!