O indiciamento de quatro pessoas ligadas à Mundial Produtos de Consumo pela manipulação de ações da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) e o encaminhamento do inquérito para a 1ª Vara Federal Criminal de Porto Alegre, especializada em crimes financeiros, deixou a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul em alerta. A preocupação dos sindicalistas é quanto à manutenção dos direitos dos trabalhadores.
De acordo com o Jornal do Comércio desta quarta-feira, dia 13, os indiciados pela fraude no mercado de capitais seriam o diretor-superintendente da Mundial, Michel Ceitlin, Rafael Ferri e Pedro Barin Calvete, ambos profissionais de corretoras, e a jornalista gaúcha, radicada em São Paulo, Ana Borges, sócia da agência de comunicação Compliance, responsável pela assessoria de imprensa da empresa.
Conforme o Valor Econômico, em nota distribuída no início do mês, a superintendência da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, informa que o inquérito apurou “manipulação do mercado de valores mobiliários, insider trading e formação de quadrilha, supostamente cometidos por pessoas vinculadas a agências autônomas de investimento sediadas nesta capital”.
A apuração da PF investigou a movimentação atípica das ações da Mundial na BM&FBovespa, que alcançou uma valorização de quase 3.000% entre fevereiro e julho do ano passado, perdendo quase toda alta logo em seguida – o caso ficou conhecido como Bolha do Alicate”. Em poucos meses, os papéis da Mundial – uma empresa praticamente desconhecida no meio financeiro – tornaram-se um dos ativos mais negociados na Bovespa, chegando a superar até mesmo o volume de Petrobras em alguns pregões. O preço do papel disparou, saindo de R$ 0,23 em fevereiro de 2011 para R$ 7,01 em julho do mesmo ano. No fim de julho, porém, o valor da ação despencou e voltou a valer centavos, causando prejuízos para os investidores que apostaram na empresa.
A jogada fraudulenta teria sido baseada em um esquema que envolvia estratégia de comunicação com o mercado e ações para inflar artificialmente o preço dos papéis da companhia. Uma das práticas para a valorização seriam as operações de compra e venda (bump and dump) na BMF&Bovespa para conferir liquidez às ações.
Em assembleia realizada com os trabalhadores em 19 de abril, o presidente em exercício do Sindicato, Leandro Velho, já havia alertado os trabalhadores que de acordo com balancete da empresa, divulgado na imprensa local, a lucratividade nos últimos 12 meses havia sido maior do que a alegada pelos empresários. “Eles dizem uma coisa, mas o balanço legal, que eles precisam publicar nos jornais, diz outra, então vamos reivindicar, via judicial que justifiquem essas diferenças, pois eles só falam em prejuízo e negam que tiveram uma lucratividade enorme”.
Com as últimas notícias, o Sindicato acompanhará mais de perto o caso. “Os trabalhadores, que já receberam um valor na Participação dos Lucros inferior ao que tinham direito e não podem ser penalizados com a perda de empregos e direitos”, enfatiza Velho.
Por Claiton Stumpf