A CTB Minas Gerais inaugurou na última quinta-feira (10), a sua nova sede, em Belo Horizonte. Mais ampla e com diversas salas, a sede fica em uma sobreloja no bairro Floresta, na região central da capital. A inauguração contou com a presença de dirigentes da CTB, centrais sindicais e sindicatos, políticos e militantes de movimentos sociais.
No ato político, o presidente da CTB-MG, Gilson Reis, lembrou do ex-prefeito de Belo Horizonte Célio de Castro, que costumava dizer que existiam dois endereços fundamentais, o do trabalho e o da moradia. “Para Célio de Castro, isso constituiria um cidadão com seus direitos efetivos. Ao inauguramos esta casa e defendermos o trabalho, diria que estamos em sintonia com Célio de Castro”, disse.
Segundo Gilson Reis, a nova sede representa mais do que um espaço, mas um sonho e uma possibilidade concreta. “Estamos alugando um espaço de articulação política não somente do movimento sindical, mas também do movimento social e popular. E dando mais um passo para que possamos superar as dificuldades impostas ao trabalhador e à trabalhadora, à juventude, ao negro, à mulher, ao movimento popular e a todos que lutam nesse País”.
Responsabilidade
Para o presidente da CTB-MG, a nova casa deve ser ocupada com responsabilidade, na perspectiva de construir a luta do povo de Minas e do Brasil numa nova concepção de sociedade e condição humana. “Quando fundamos a CTB, dizíamos que tínhamos que ocupar um espaço com o objetivo de construir a unidade do movimento sindical e isso nós temos perseguido ao longo dessa nossa curta trajetória, numa concepção de juntar o campo e a cidade”.
A demora do governo Federal em nomear o novo ministro do Trabalho foi criticada por Gilson Reis. Na sua opinião, o Ministério do Trabalho tem que ser protagonista na luta política e no governo Federal, e não um ministério secundário.
“É inadmissível não termos delegados regionais do trabalho em todo o País e fiscais para fiscalizar o trabalho escravo e precário. Não é possível admitir que trabalhadores continuem morrendo no trabalho, como ocorreu esta semana em Santo Antônio do Monte, no interior do Estado, na explosão de uma fábrica de fogos, porque o capital não quer proteger a vida e as condições de trabalho. Queremos um Ministério do Trabalho que tenha um papel efetivo de defesa do trabalho”, enfatizou.
No término de sua fala, Gilson Reis propôs às centrais a realização de um grande ato político em Minas Gerais, ainda neste mês de maio, com centenas de entidades sindicais e sindicalistas de todo o Estado em defesa do movimento sindical, que tenha como questão central a defesa da unicidade e do imposto sindical. Também propôs a realização de um seminário para debater a regulamentação do artigo 8º da Constituição.
Eleições
O vice-presidente da CTB-MG, José Antônio de Lacerda, o Jota, comemorou a conquista da nova sede. Segundo ele, o prédio terá espaço para reuniões e uma sala para os movimentos sociais. Jota também falou da importância da participação dos trabalhadores, sindicatos e centrais nas eleições municipais.
“Um dos desafios mais importantes que temos este ano é participar ativamente do processo eleitoral, elegendo prefeitos e vereadores trabalhadores para influir na política dos municípios e mudar esse quadro. Uma derrota nesse campo é uma derrota dos trabalhadores”, disse.
Jota defendeu a unicidade e o imposto sindical e conclamou a todos os trabalhadores e trabalhadoras, sindicatos e centrais para se unirem e lutarem numa ampla frente contra o pluralismo sindical.
O presidente da União Geral dos Trabalhadores em Minas Gerais (UGT), Geraldo Anatólio, saudou a CTB Minas pela conquista da nova sede. Para ele, é preciso “estancar a fábrica de sindicatos que está afetando dezenas de categorias em Minas Gerais e no Brasil”. “Precisamos caminhar unidos para por um fim nisso. Não é mais possível o movimento sindical travar uma luta de divisão de base”, disse.
Já o presidente da Nova Central em Minas Gerais, Antônio da Costa Miranda, parabenizou a CTB Minas pela nova sede. “A CTB merece esta sede pela sua importância. É uma sede bem localizada, uma casa onde tenho certeza de que todos os trabalhadores e todas as centrais terão acesso”.
Segundo o presidente da Nova Central, o movimento sindical tem que caminhar unido para a solução dos problemas enfrentados no dia-a-dia. “Temos que criar mecanismos para resolver nós mesmos nossos problemas, e não esperar que os políticos ou o governo os faça”.
O ex-deputado federal Sérgio Miranda, dirigente do PDT-MG, elogiou a nova sede. “É um bom espaço, central, onde se poderá realizar várias atividades”, comentou. Ele também falou que o momento é de alerta para o movimento sindical, que tem a enfrentar desafios como a “campanha demagógica e deseducativa da CUT contra a contribuição sindical e pela Convenção 87”. Para ele, a resposta a esta ofensiva é regulamentação do artigo 8º da Constituição.
Flexibilização
Sérgio Miranda alertou, ainda, sobre o projeto de reforma trabalhista denominado Acordo Coletivo Especial (ACE), que já está na Casa Civil. Segundo ele, na prática, o projeto propõe a flexibilização das leis trabalhistas, no qual o negociado se sobrepõe à legislação. “Como é que vamos enfrentar isso? O que FHC não com seguiu, será aprovado agora? São desafios enormes. Esta concepção que a CTB defende, de articulação com as outras centrais, de somar forças e ter uma ação de massas efetiva, é o caminho para enfrentarmos esse desafio”.
A nova sede da CTB-MG poderá se transformar num importante espaço de informação e atração para os trabalhadores que buscam saber sobre seus direitos mais elementares e de articulação das centrais sindicais e sindicalistas, disse a presidenta do PCdoB-MG, deputada federal Jô Moraes. “O primeiro sinal da CTB para um projeto mais amplo é instaurar sua casa para dali sair para o conjunto dos trabalhadores. E isso fundamental”.
O ato também contou com a presença de representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Sindicato dos Vigilantes de Minas Gerais, Sindicato dos Vigilantes de Uberaba, Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais Subsede em Ibirité (Sind-UTE), União de Negros pela Igualdade (Unegro), Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de Minas Gerais (Sinttel), Federação das Associações de Moradores do Estado de Minas Gerais (Fameng), Sindicato dos Servidores Municipais de Governador Valadares (Sinsem-GV), Sindicato dos Trabalhadores no Comércio de Minérios e Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Sitramico), Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), SAAE-MG, Sindicato dos Professores de Minas Gerais (Sinpro-Minas), Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Nova Lima (Sindserp), Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de Minas Gerais (SAAE-MG), Base da CTB nos Correios, União da Juventude Socialista (UJS) e União Estadual dos Estudantes (UEE).
A nova sede da CTB Minas Gerais fica na Rua Pouso Alegre, nº 920, no bairro Floresta, em Belo Horizonte. O telefone continua o mesmo: (31) 3272-5881. O e-mail é [email protected].
Por Eliezer Dias – CTB-MG