Os ativistas do “Occupy Wall Street” aproveitaram o Dia Internacional do Trabalho para tomar Nova York em uma demonstração de força para recuperar sua presença no debate público e marcar o que alguns de seus simpatizantes definem como o início de uma “nova primavera”. “Hoje é o começo de algo muito grande, e não só aqui, também em Paris, em Madri… ao redor do mundo. Hoje começa uma nova primavera. É meu dia, o dia de todos”, afirmou Ed Burns, um dos manifestantes que se concentraram no Bryant Park durante os protestos que se estenderam por várias áreas da cidade.
Em uma tentativa de estabelecer um paralelismo entre a luta do “Occupy Wall Street” e as revoluções do ano passado no mundo árabe, os ativistas invadiram as ruas de Nova York e outras cidades do país para denunciar os excessos das grandes corporações e comemorar o Dia Internacional do Trabalhador.
“Viemos tomar Nova York. Que se preparem os políticos e a polícia porque estão sendo protagonistas do renascimento do ‘Occupy Wall Street’. Continuamos vivos e estamos aqui para ficar”, disse Mark Bray, um porta-voz do movimento que nasceu no último dia 17 de setembro no coração do distrito financeiro.
Em uma cidade que amanheceu chuvosa e com mais presença policial que o habitual, reconheceram que “sempre é motivo de preocupação” a possibilidade de confronto com a polícia, mas Bray destacou à Efe que até o início da tarde só tinham conhecimento de “quatro ou cinco” detenções em incidentes isolados.
Segundo um documento interno da polícia que circula hoje pelas redes sociais, os agentes do departamento dirigido por Raymond Kelly temem que os protestos terminem em “atos violentos” devido às “fissuras políticas” que garantem ter detectado na direção do “Occupy”.
Neste sentido, o Sindicato Nacional de Advogados assegurou que “entre 6h e 7h30 (7h e 8h30 de Brasília) agentes da polícia e do FBI se apresentaram nos domicílios de vários ativistas para fazer “algumas perguntas” sobre os protestos”.
Os organizadores do “Occupy Wall Street” buscam agora recuperar o espaço que ganharam desde seu nascimento em setembro passado, que viveu seu auge em meados de novembro com o despejo do acampamento da Praça Zuccotti e que passou o inverno em relativa calma preparando seu retorno, segundo palavras de Bray.
Na mira dos manifestantes estiveram especialmente as grandes corporações de Wall Street e por isso visitaram diferentes filiais bancárias para recordar-lhes que, com sua “avareza”, são os responsáveis pela crise financeira que assola boa parte do mundo.
“Vim pedir a regulação dos bancos e denunciar as desigualdades econômicas deste país. Adoraria dar uma boa chicotada nos banqueiros, mas ainda preciso praticar um pouco”, disse à Efe Marni Halasa, que se destacava da multidão por estar com um chicote na mão e disfarçada de coelhinha.
Alguns dos momentos de tensão foram vividos na Ponte de Williamsburg, onde centenas de pessoas se aproximaram no lado do Brooklyn para atravessar rumo a Manhattan sob o olhar atento da polícia, que em seguida interrompeu o tráfego.
Enquanto isso, professores da Universidade de Nova York transferiram suas salas de aula para o Madison Square Park para dar uma lição prática sobre o significado do Dia Internacional do Trabalhador, que nos EUA é comemorado no dia 3 de setembro.
As concentrações foram se aproximando da emblemática Union Square, onde terminou a manifestação à qual se uniram sindicatos e organizações comunitárias e de imigrantes. Os protestos se estenderam também a outras cidades do país, como Los Angeles, Oakland, San Francisco, Washington e Chicago, onde no final do século 19 foi aceso o pavio do movimento operário recordado em todo dia 1º de maio.
Com informações de agências