A Secretaria de Gênero do Sindicato dos Comerciários de Salvador realizou na quarta-feira (6) a 2ª Feira de Cidadania da Mulher Comerciária. O evento, uma homenagem às comerciárias pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado em 08 de março, aconteceu na Praça Newtom Rique, em frente ao Iguatemi, e reuniu representantes da Deam, OAB, Naspec, Secretaria Municipal de Saúde, Superintendencia Regional do Trabalho, entre outros, que trataram dos diversos aspectos que envolvem a mulher no mercado de trabalho e na vida cotidiana. Também estiveram presentes representantes dos Sindicatos dos Comerciários de Terra Nova, Maragogipe, Lauro de Freitas e Simões Filho.
As mulheres representam 52% da população da Região Metropolitana de Salvador (RMS), no total são 1.545.137 mulheres, das quais cerca de 1.273.193 são negras ou pardas. Cerca de 43,5% das famílias são chefiadas por elas (média superior à nacional – 33%), que representam a inserção mais vulnerável no mercado de trabalho e recebem, invariavelmente, salários menores que os dos homens. No comércio de Salvador elas também são maioria, cerca de 52% da categoria. “A Feira tem a finalidade de formar e informar as comerciárias e a sociedade baiana. Se a sociedade não estiver preparada para coibir todo tipo de opressão e discriminação jamais será justa e igualitária. Precisamos discutir os espaços de poder e buscar igualdade de oportunidades”, falou Cherry Almeida, Secretária de Gênero. “Somos maioria mas ainda recebemos menos que os homens, somos discriminadas e sofremos com diversas formas de violência. É importante levar informações à mulher comerciária para mudar esta realidade”, afirmou Áurea Andrade, secretária do Sindiacto.
Para tratar dos assuntos relacionados a violação de direitos e as formas de discriminações e assédios, uma equipe da Comissão de Mulheres da OAB Bahia esteve no local. “Estamos aqui com o propósito de esclarecer a mulher comerciária sobre seus direitos enquanto cidadã. Seja sobre a Lei Maria da Penha, que hoje é o maior símbolo do direito da mulher no Brasil, nossa maior conquista, ou sobre direitos da família, trabalhista, e tantos outros que a lei brasileira prevê”, destacou a advogada Marilena Galvão.
Com uma equipe formada por massoterapeutas, auxiliares de enfermagem, nutricionistas e enfermeiros, o Naspec ofereceu massagens corporais, auferimento de pressão arterial e informações sobre as diversas formas do câncer e o diagnóstico precoce, que salva vidas, como pontuou Kátia Baldini, enfemeira do Naspec. “Em um ano os números de novos casos no Brasil passaram de 50 mil para 53 mil. Mas não estamos preocupados com o aumento do número dos casos. Nossa maior preocupação é com o aumento no número de óbitos, e na Bahia os números de novos casos aumentaram mas os números de óbitos diminuíram, o que representa uma vitória. Aqui na Feira nosso objetivo é orientar a mulher sobre o diagnóstico precoce”.
Violência doméstica
Segundo dados da Delegacia Especial de Atendimento a Mulher (Deam), que este ano completa 25 anos, apenas nos meses de janeiro e fevereiro de 2012 foram registradas 1200 queixas por agressões domésticas. E para orientar e informar a mulher comerciária sobre como proceder no momento da queixa, um stand da Deam foi montado no local, e contou com a presença das delegadas Marilda Marcela (Brotas) e Olveranda Oliveira (Periperi). “A mulher está se conscientizando de que não precisa se manter no ciclo da violência. Aqui na Feira vamos orientá-las sobre como proceder para o registro da queixa por agressões, desde o momento do ato de violência até o inquérito policial encaminhado à justiça”, disse a delegada Marilda Marcela.
Participação política
A situação de desigualdade entre homens e mulheres também revela-se na representação política parlamentar. Dos 41 vereadores de Salvador, apenas seis são mulheres. Na Assembléia Legislativa, num universo de 63 deputados estaduais, há apenas oito mulheres. E dentre os 39 deputados federais baianos, apenas quatro são mulheres. Para tratar da questão, Rosa de Souza, da União Brasileira de Mulheres, que também é diretora do Sindicato dos Comerciários, falou para as comerciárias presentes no local. “O 8 de março para nós não é só comemoração, é também protesto. É o momento de reivindicar por espaços depoder, lutar pelas nossas bandeiras e expor as nossas dificuldades”, concluiu Rosa.
Fonte: Sindicato dos Comericiários de Salvador