As principais ruas de Roma, na itália, amanheceram nesta terça-feira (06) tomadas por manifestantes em protesto contra o plano de arrocho lançado pelo governo direitista de Sílvio Berlusconi e em discussão no Congresso, que determina uma série de restrições ao povo e aumento de impostos.
A maior central sindical italiana, a Confederação Geral Italiana do Trabalho (Cgil), convocou greve geral contra as medidas que pretendem reduzir a dívida pública do país. A entidade classifica o plano que cortará 45 bilhões de euros nos próximos dois anos como “injusto e equivocado” e condenou uma emenda recente ao projeto que modifica as regras para despedir os trabalhadores, ameaçando entrar com um recurso à Corte Constitucional contra a norma.
Os estudantes se somaram à mobilização contra o corte de gastos públicos que, segundo eles, “destroem os direitos” e faz com que “os mais fracos” paguem “o custo da crise”. “O nosso slogan é ‘Desta vez nós não pagamos’. Há três anos repetimos que em todas as praças que a política deste governo no enfrentamento da crise é errada e levou nosso país ao colapso, fazendo com que nós jovens pagássemos as consequências”, disse a Rede de Estudantes e a União dos Universitários da Itália.
Voos foram cancelados. Trens, metrôs e ônibus operam com restrições e a maior parte dos escritórios do governo está fechada. Além de Roma, há protestos organizados em várias cidades do país, como Florença e Gênova.
Pontos turísticos, como o Coliseu de Roma, estão fechados devido às manifestações. A paralisação afeta também os hospitais e as estações dos correios. De acordo com os organizadores, a adesão à greve deve durar oito horas.
Para analistas, o ato servirá para medir a força da resistência política às medidas propostas pelo governo direitista do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, lançadas no último dia 12.
O plano de austeridade prevê cortes de 20 bilhões de euros para 2012 e de 25 bilhões de euros para 2013 para reduzir o deficit fiscal italiano. Na semana passada, o Executivo aprovou mudanças no plano que incidem sobre a aposentadoria. Os cortes também vão incidir no repasse às prefeituras.
As medidas foram recomendadas pelos países da UE (União Europeia) e pelo BCE (Banco Central Europeu), que condicionou a compra de títulos da dívida italiana ao cumprimento das normas de austeridade. O governo quer aprovar o plano até meados deste mês. Segundo os sindicalistas, as medidas do governo estimulam a demissão de empregados.
“É um plano que este país não merece. Estamos à beira do abismo e precisamos de um governo responsável”, disse a secretária-geral da Cgil, Susanna Camusso.
Com informações das agências (Foto: AFP)