Governo peruano inicia nova fase de diálogo com trabalhadores do país

O clima de distensão aberto pelo início de um novo governo se amplia hoje no Peru, depois de um importante diálogo entre a principal central operária e o ministro de Trabalho, Rudecindo Vega.

Na reunião entre Vega e a direção da Confederação Geral de Trabalhadores do Peru (CGTP, filiada à Federação Sindical Mundial), ficou estabelecida a comum vontade de manter um diálogo permanente e de velar pelos direitos trabalhistas.

O clima criado contrasta com a crispação e o confronto causados pela política patronal do anterior governo do presidente Alan García, segundo destacou no diálogo com Vega o secretário geral da CGTP, Mario Huamán.

Na reunião, Huamán reafirmou o apoio à central sindical e às mudanças propostas pelo novo governo de Ollanta Humala, que devem, disse, terminar com a política do “cholo (mestiço andino) barato”, isto é, a superexploração trabalhista.

Indicou que tal política rege desde o governo de Alberto Fujimori (1990-2000) e foi mantida pelo de García, que qualificou como nefasto,  o que contrastou com o gesto de Vega, de inaugurar seu gerenciamento com uma visita à CGTP e um diálogo com seus dirigentes.

Recordou que na administração recém-concluída foram demitidos cinco mil trabalhadores apenas por tentarem se organizar em sindicatos e houve uma sistemática violação de outros direitos trabalhistas.

Nova etapa

Segundo Huamán, os trabalhadores votaram pela mudança dessa situação, para que o crescimento não fique em poucas mãos, mas sim que se distribua para as maiorias que lutaram para que o governo de Humala fosse realidade.

Depois de remarcar a necessidade de pôr fim à política do “cholo barato”, argumentou: “nós também somos responsáveis pelo crescimento econômico e, portanto, temos o direito de nos beneficiar da riqueza que ajudamos a gerar”.

Pediu ao ministro um papel mais ativo do Ministério de Trabalho para fazer respeitar os direitos trabalhistas, como o de se organizar sindicalmente e negociar de forma coletiva melhoras salariais, promover o emprego digno e outros.

O ministro Vega propôs por sua vez um compromisso de respeito a esses direitos com mais inspeções, para o qual se deve impulsionar uma nova lei de trabalho congelada há mais de uma década no Congresso.

Huamán denunciou, por outro lado, que o governo passado lançou decretos inconstitucionais que davam luz verde à repressão militar e policial aos protestos sociais, que ocasionaram um número não precisado de mortos.

Solicitou que essas normas sejam anuladas pelo parlamento e que este denuncie judicialmente os responsáveis por essas mortes, que somam mais de 100, segundo o ex-procurador estatal Ronald Gamarra, que também exigiu a anulação.

Fonte: Agência Prensa Latina

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