Exposição na Biblioteca Nacional comemora o Dia da Imprensa

Uma exposição inaugurada hoje (1º) na Biblioteca Nacional resgata a contribuição cultural de um segmento da imprensa alternativa editada durante a ditadura militar. Com a mostra de fanzines Os Alternativos dos Alternativos – da Poesia Marginal ao Anarcopunk, a biblioteca comemora o Dia da Imprensa, celebrado em 1º de junho. A data tem origem na criação do Correio Braziliense, o primeiro jornal não oficial do país, fundado por Hipólito da Costa em 1º de junho de 1808, em Londres, na Inglaterra, para fugir da censura real à imprensa no Brasil.

A exposição reúne impressos da chamada Geração Mimeógrafo, que se valia de uma tecnologia hoje em desuso para publicar, de forma extremamente artesanal, poesias e outros gêneros literários, manifestos e textos de protesto. Movimento cultural que marcou a década de 70 do século passado, com desdobramentos nos anos 80, a Geração Mimeógrafo revelou poetas como Geraldo Carneiro, Waly Salomão, José Carlos Capinam, Torquato Neto, Roberto Piva, Chacal e Leila Miccolis, entre outros.

“É um tipo de documentação rara hoje em dia, pelo caráter rudimentar de sua produção. Por causa disso, foi relegada até mesmo por uma instituição como a Biblioteca Nacional”, afirma Bruno Brasil, técnico em documentação da biblioteca e responsável pela seleção do material para a mostra. Segundo ele, a exposição deriva do projeto, iniciado em 2006, de mapear toda a imprensa alternativa editada ao longo dos “anos de chumbo”.

Bruno Brasil destaca o mérito de um dos poetas dessa geração, Aricy Curvello, que também tem obras expostas na mostra. “Ele reuniu durante anos mimeógrafos poéticos e acabou doando o acervo à Biblioteca Nacional”, diz. Outra contribuição importante para organizar a exposição foi um catálogo sobre imprensa alternativa lançado em 1986 pela Rioarte (órgão da prefeitura do Rio), de autoria de Leila Miccolis, também poetisa da Geração Mimeógrafo.

Para o organizador da mostra, o baixo custo de produção constitui um paralelo entre a literatura produzida em mimeógrafos e fanzines e a que é criada pela geração atual, em blogs, sites e redes sociais. “Naquela época, o custo de rodar um mimeógrafo e distribuir, gratuitamente ou por um preço baixo, era muito mais barato do que o de imprimir numa gráfica. Hoje em dia, o custo de criar um site, um blog ou veicular a literatura nas redes sociais é praticamente zero”, compara Bruno Brasil.

Fonte: Agência Brasil

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.