Apesar de a mídia internacional apontar, quase de maneira unânime, que as eleições presidenciais do Peru, marcadas para o dia 5 de junho, terão como vencedora a candidata Keiko Fujimori, uma análise mais cuidadosa mostra que a disputa com Ollanta Humala está longe de qualquer definição.
A filha do ex-presidente Alberto Fujimori é forte na capital peruana, Lima, e, de modo mais geral, entre a classe média do país. Conta também com o apoio de empresários do setor mineiro – uma das bases da economia peruana – e da cúpula da Igreja Católica.
O nacionalista, por sua vez, teve bons resultados no primeiro turno no sul do país – mais pobre e menos beneficiado pelo crescimento econômico – e é mais próximo dos sindicatos, de algumas pequenas indústrias e das comunidades eclesiais de base.
Humala é um ex-oficial militar que concorreu à presidência do país em 2006. Keiko é filha do ex-presidente Alberto Fujimori, que governou o Peru entre 1990 e 2000, e atualmente está preso devido a crimes cometidos durante sua administração.
Mesmo de acordo com as pesquisas que têm apontado pequena diferença pró-Keiko, se forem somados os eleitores indecisos e nulos, 20% dos peruanos não têm preferência por nenhum dos candidatos até o momento.
Apesar dessa grande indefinição e da pequena vantagem divulgada pelas pesquisas (cerca de 3%, em média), a mídia peruana e internacional, com poucas exceções, têm somado esforços para demonstrar que a batalha já estaria decidida.
Nova estratégia
O voto no Peru é obrigatório. Diante do esforço midiático em relação a Keiko, analistas políticos lembram que Humala tem trabalhado para ampliar seu já forte apoio entre grupos de baixa renda ao se associar a intelectuais, profissionais e artistas.
Essa estratégia já rendeu a Humala o apoio formal do Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, que gravou recentemente uma mensagem de apoio ao nacionalista. O escritor reconheceu que teve objeções ao candidato, mas garantiu que os últimos compromissos dele deveriam tirar as dúvidas dos indecisos. “Peço que votem em Humala para defender a democracia no Peru e evitar o ultraje de uma nova ditadura”, disse, referindo-se ao passado da família Fujimori.
Fernando Damasceno, com agências