Por Martina Colafemina*
O ministro Bruno Dantas, do Tribunal de Contas da União, criticou os métodos usados por organizações como a Transparência Internacional em sua fala no Fórum da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), promovido nesta quinta-feira (27/3) em Paris. Em um trecho de sua conferência, o ex-presidente do TCU afirmou que algumas narrativas sobre corrupção são movidas por juízo de valor, e não por dados.
“Infelizmente, algumas narrativas públicas sobre corrupção são movidas mais por juízo de valor do que pela análise das informações. A Transparência Brasil, por exemplo, criticou o Secretariado para Consensos e Diálogos do TCU recentemente sem nunca ter interagido com seu trabalho — uma atitude que me parece com algo como ‘se eu não conheço, eu não gosto’. Felizmente, esse posicionamento contrasta com a abertura que se percebe na Transparência Internacional, cuja liderança tem demonstrado um desejo genuíno de entender as inovações institucionais e de contribuir com seu aprimoramento por meio de diálogos construtivos”, disse Dantas, que apresentou em Paris as novas tecnologias usadas pelo TCU, como o Lab Contas (plataforma que integra bases de dados e facilita o cruzamento deles pelos auditores) e o Chat TCU (assistente virtual baseado em inteligência artificial).
Recentemente, o ministro fez duras críticas à falta de transparência da metodologia usada pela ONG no seu “índice de percepção da corrupção”.
“Eu não duvido que a corrupção possa ter aumentado. Mas a diferença entre um mero pitaco e um índice sério é a existência de metodologia clara, robusta e neutra, que permita ao autor da pesquisa escapar do seu viés pessoal. Há dezenas de técnicas estatísticas para isso, pena que a Transparência Brasil não tenha sido transparente.”
Em sua exposição, ele também abordou o fator cultural da corrupção no país. “No Brasil, nós evoluímos na integração entre dados das esferas federal e estadual. Mas, para remediar a falta de dados verdadeiramente, nós devemos sair de um modelo centralizado para um de inteligência distribuída.”
*Repórter da revista Consultor Jurídico