Nesta mesma quarta-feira (26) em que foi transformado em réu, denunciado pelo crime de golpe de Estado, o líder da extrema direita brasileira, Jair Bolsonaro, fez um pronunciamento público recheado de Fake News, apresentando-se como vítima de perseguição política do STF com o claro objetivo de municiar a militância bolsonarista a lutar contra sua mais que provável condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao cabo do julgamento em curso.
Acuado, mas agressivo, o político neofascista procura mobilizar a tropa de choque no confronto com a Justiça, mas não fica nisto.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, publicada terça-feira (25), ele sugeriu uma intervenção dos Estados Unidos no Brasil contra a perseguição política de que se diz vítima, ao lado de outros golpistas, incluindo os que já foram condenados no âmbito do 8 de janeiro.
“Temos um problema de ditadura, uma ditadura real”, afirmou o ex-presidente ao Financial Times. Obviamente, é mais uma das muitas mentiras que compõem a narrativa falaciosa do Clã Bolsonaro.
Mas, o líder da extrema direita foi além. Defendeu a intervenção de outros países, “do exterior”, contra o Estado nacional, tendo por alvos principais o STF e o governo federal, presidido por Lula.
“O Brasil não tem como sair dessa situação sozinho. Precisa de apoio do exterior”, sublinhou. Disse ainda ao Financial Times que a “ajuda americana é muito bem-vinda”.
Crime de lesa pátria
As declarações de Jair Bolsonaro ao jornal inglês não são apenas palavras inflamadas esbravejadas com o propósito de agitar os extremistas da direita. Animados com a vitória e a posse de Donald Trump, o Clã está conspirando abertamente por uma intervenção imperialista.
Em uma entrevista anterior ao mesmo Financial Times, Eduardo Bolsonaro, o filho que já fugiu para os EUA, disse que Alexandre de Moraes cumpria os requisitos para sanções dos EUA sob a Lei Magnitsky, originalmente criada para punir supostos violadores de direitos humanos na Rússia. Ele lidera um lobby no Capitólio contra Moraes.
Conforme notou o jornal New York Times Bolsonaro parece “estar apostando suas fichas em um apoio do [presidente americano] Donald Trump“.
Nessas condutas, de pai e filho, transparece o caráter demagógico e mentiroso de outro artifício usado pela propaganda bolsonarista, que envolve uma horda de patriotários, manipula as cores verde e amarelo e jura defender a Pátria, enquanto na prática atua como uma quinta coluna do imperialismo.
O que ambos (Jair e Eduardo) estão cometendo, ao apelar pela intervenção do imperialismo estadunidense contra o Estado brasileiro, é crime de lesa pátria, que infelizmente segue desprezado e impune em nosso país, ainda hoje dominado pelo complexo de vira-lata.