Legado de Bolsonaro é trágico e o futuro que ele fez por merecer é a Papuda

Embora esteja a caminho da Papuda, em seus devaneios o chefe da extrema direita brasileira, Jair Bolsonaro, ainda sonha com um retorno triunfal ao Palácio do Planalto e, quem sabe, um futuro golpe de Estado, tendo em vista o fracasso das ofensivas contra o Estado Democrático de Direito que, a julgar pela denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), teve início em março de 2021 e culminou na fracassada intentona do 8 de janeiro de 2023.

“Qual o meu sonho? É fazer um pouco mais daquilo que aconteceu com a minha posse em 2019, terminou de forma esquisita em 2022”, declarou o “mito” neofascista durante seminário do PL sobre comunicação em Brasília, nesta quinta-feira (20).

Se a Justiça falhar, que os deuses, senão o povo, livrem o Brasil de uma perspectiva tão trágica. Afinal, o que aconteceu entre 2019 e 2022 durante o mantado de Jair Bolsonaro?

1- O Brasil retornou ao Mapa da Fome, elaborado pela ONU, em 2021. Entre 2018 e 2020, a fome atingiu 7,5 milhões de brasileiros. Já entre 2014 e 2016, esse número era bem menor: 3,9 milhões. A insegurança alimentar severa, ou seja, a fome, afligia 17,2 milhões de brasileiros em 2022. Depois que Lula assumiu a Presidência, caiu para 2,5 milhões. Percentualmente, a queda foi de 8% para 1,2% da população.

2- Prevaleceu uma política sanitária criminosa, fundada no negacionismo, prescrição de remédios ineficazes e na transformação do Ministério da Saúde, militarizado, num execrável ninho de picaretas. Não foi por acaso, mas por consequência desta política insana, que mais de 700 mil brasileiros e brasileiras morreram em decorrência da covid-19. O governo neofascista, comprometido com a política fiscal ditada pelo mercado financeiro, “não gastou R$ 159 bilhões autorizados pelo Congresso para enfrentar a covid. É uma expressão numérica da irresponsabilidade, do descaso e da política de morte praticada pelo governo Bolsonaro”, conforme observou a economista Nathalie Beghin, Integrante do Colegiado de Gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Trabalhadores da saúde em unidade de emergência de um hospital de Porto Alegre no mês de março.Reuters

3- Mesmo durante a pandemia, Bolsonaro diminuiu o orçamento da saúde em 8%, tirando R$ 12 bilhões da área, enquanto deixava parcela crescente da população sem  emprego, renda e alimentação.

4- Na educação, os recursos caíram de R$ 131 bilhões em 2019 para R$ 127 bilhões em 2022. As creches tiveram 60% menos verba. No ensino superior o investimento caiu 18% em termos reais e houve um esforço explícito de desfinanciamento das pesquisas. Somente na Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a execução financeira despencou quase 40%.

5- A austeridade e a falta de compromisso com os direitos humanos agravaram o déficit de moradia, setor que perdeu 37% da execução financeira nos quatro anos do governo de Bolsonaro. Ao longo da gestão, os recursos para o transporte coletivo público também foram ladeira abaixo, com uma queda de 65%.

6- Bolsonaro se revelou um inimigo figadal da classe trabalhadora brasileira. Impôs uma Reforma da Previdência que reduziu o valor das aposentadorias e aumentou o tempo de trabalho e contribuição necessário para acessar o benefício, abolindo a aposentadoria por tempo de contribuição e instituindo a idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, o que significou para milhões de trabalhadores um aumento médio de 9 anos de trabalho e contribuição para gozar o direito à aposentadoria. Fez de tudo para acabar de vez com os direitos trabalhistas consagrados na CLT e na Constituição e instituir o que chamou de carteira de trabalho verde-amarela, à margem da CLT e sem nenhum direito, a exemplo do que ocorre hoje com motoristas e entregadores no ramo de transportes por aplicativo.

7- Ele também foi acusado de genocídio contra os povos indígenas yanomami. Em Roraima, cerca de 570 crianças yanomami, além de adultos, morreram por fome, desnutrição e outras doenças que poderiam ser tratadas, como malária, durante os quatro anos do governo Bolsonaro, que estimulou o garimpo ilegal e madeireiros inescrupulosos.

Instagram/Urihi Associação Yanomami

No front econômico o governo da extrema direita promoveu uma política privatista e entreguista, que só serviu aos interesses do imperialismo, de grandes fazendeiros golpistas que monopolizam o agronegócio e da oligarquia financeira, estrangeira e nacional, que sobrevivem como parasitas sugando a mais-valia do setor produtivo da economia e expandindo seus capitais à custa da desindustrialização do país e do empobrecimento e super exploração da classe trabalhadora brasileira.

Ao contrário do que o chefe da fracassada empreitada golpista contra o governo Lula diz ou imagina, seu governo não “terminou de forma esquisita em 2022”. Chegou ao fim da linha por consequência da vontade racional do povo, que expressou nas urnas sua colossal revolta diante das inúmeras insanidades, crimes, retrocessos, bandalheiras e mal feitos da malfadada gestão bolsonarista. Lembremos que não foi fácil derrotar a poderosa máquina de Fake News e o aparelhamento de instituições do Estado, como a PRF e PF, manipuladas por Bolsonaro com o propósito de impedir eleitores de Lula de exercer o sagrado direito ao voto.

Mal perdedor, o chefe da extrema direita nativa apostou no golpe de Estado e não poupou esforços para promovê-lo. Mais uma vez se deu mal e, pelo andar da carruagem, deve chegar até o final deste ano vendo o sol nascer quadrado atrás da grande de uma famosa penitenciária do Distrito Federal.

Umberto Martins

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