Refletindo o crescimento da economia, associada a iniciativas do governo Lula como a política de valorização do salário mínimo, a taxa anual de desocupação fechou o ano em 6,6%, segundo o IBGE, que divulgou nesta sexta-feira (31) os dados da PNAD Contínua. Foi o menor índice da série histórica. Em números absolutos são 7,4 milhões de pessoas à procura de um posto de trabalho, 1,1 milhão a menos que em 2023. A população ocupada chegou a 103,3 milhões de pessoas em 2024, batendo o recorde da série histórica.
O panorama do mercado de trabalho, porém, não deve ser considerado um mar de rosas. A taxa de subutilização da força de trabalho, embora tenha recuado, fechou o ano em 16,2%, o que significa 19 milhões de trabalhadores e trabalhadoras, incluindo 3,3 milhões de pessoas desalentadas (que desistiram de continuar procurando emprego) e 5,1 milhões com “insuficiência de horas trabalhadas”, ou seja, que sobrevivem à base do biscate.
O bom comportamento da economia pode ser comprometido pela alta das taxas de juros e a cedência do governo à demanda de austeridade fiscal pelos porta-vozes do mercado financeiro.
Leia abaixo a íntegra da nota divulgada pela Agência IBGE Notícias.
A taxa anual de desocupação foi de 6,6% em 2024, menor índice da série histórica iniciada em 2012. O resultado representou um recuo de 1,2 ponto percentual (p.p.) frente à média de 2023 (7,8%). No confronto contra 2019 (11,8%), o recuo é de 5,2 p.p. Frente a 2012, quando a taxa média foi de 7,4%, o recuo foi de 0,8 p.p.
A população desocupada no ano totalizou 7,4 milhões de pessoas em 2024, com queda de 1,1 milhões (-13,2%) frente a 2023.
A população ocupada chegou a 103,3 milhões de pessoas em 2024, batendo o recorde da série histórica, iniciada em 2012, ficando 2,6% acima de 2023. Frente à média de 2012 (89,7 milhões de pessoas), houve aumento de 15,2%.
O nível da ocupação (percentual ocupados na população em idade de trabalhar) foi estimado em 58,6% em 2024, 1,0 p.p. a mais que em 2023 (57,6%). Foi o maior nível de ocupação da série histórica, que antes havia sido registrado em 2013 (58,3%).
A estimativa anual da taxa composta de subutilização foi estimada em 16,2%, redução de 1,8 p.p. em relação a 2023, quando a taxa era estimada em 18,0%. Esse indicador foi de 24,4% em 2019, 15,9% em 2014 e 18,7% em 2012.
A estimativa anual da população subutilizada (19,0 milhões de pessoas em 2024) recuou 8,9% frente a 2023. Apesar da redução, esse contingente está 15,4% acima do menor nível da série, atingido em 2014 (16,5 milhões de pessoas).
A estimativa anual do contingente de pessoas subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas, estimado em 5,1 milhões de pessoas, recuou 6,0% frente ao ano anterior.
Em 2024, a estimativa anual da população desalentada diminuiu 11,2% ante 2023, alcançando 3,3 milhões de pessoas. A maior estimativa para essa população ocorreu em 2021 (5,6 milhões) e a menor, em 2014 (1,6 milhão de desalentados).
O número de empregados com carteira de trabalho aumentou em 2,7% e chegou a 38,7 milhões de pessoas, a média mais alta da série iniciada em 2012.
Já a estimativa anual de empregados sem carteira assinada no setor privado mostrou aumento de 6,0% em 2024 e foi para 14,2 milhões de pessoas. Em relação a 2014, quando a estimativa havia sido de 10,8 milhões de pessoas, o aumento foi de 31,1%.
O número de trabalhadores por conta própria totalizou 26,0 milhões em 2024, alta de 1,9% no ano. Frente a 2012, início da série, quando esse contingente foi o menor da série (20,1 milhões), houve alta de 29,5%.
Em 2024, o número de trabalhadores domésticos caiu 1,5%, alcançando 6,0 milhões de pessoas.
A taxa anual de informalidade passou de 39,2% em 2023 para 39,0% em 2024.
O valor anual do rendimento real habitual foi estimado em R$ 3.225, valor 3,7% maior (R$115) que o estimado para 2023. Frente a 2012, houve um aumento de 10,1%.
O valor anual da massa de rendimento real habitual chegou a R$ 328,6 bilhões, o maior da série, com alta de 6,5% (mais R$ 20,1 bilhões) em relação a 2023. De 2012 a 2024, essa massa de rendimentos cresceu 29,4%.
Taxa de desocupação – Brasil (%)
Estimativa anual da população ocupada por grupamento de atividades em 2024
Entre as atividades, Transporte, armazenagem e correio teve o maior aumento percentual de população ocupada em relação a 2023, de 7,8%, e passou a registrar 5,9 milhões de trabalhadores em 2024. Em relação a 2012, quando esse grupamento alcançava 4,3 milhões de pessoas, o aumento foi de 39,5% (mais 1,7 milhões de pessoas).
Comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas, grupamento com mais pessoas ocupadas em números absolutos (19,8 milhões), teve o maior aumento na comparação com o ano anterior, ocupando mais 733 mil pessoas em 2024, crescimento de 3,9%. Em relação ao início da série, quando essa atividade ocupava 17,1 milhões de pessoas, houve aumento de 15,6%.
Administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, segundo grupamento com maior contingente em 2024 (18,5 milhões), registrou aumento de 2,9% de pessoas ocupadas em relação a 2023. Frente a 2012, quando ocupava 14,1 milhões, houve crescimento de 30,8%.
Construção ocupou 5,5% mais pessoas em 2024 (7,8 milhões), o que representou 406 mil trabalhadores a mais que o registrado em 2023 (7,4 milhões). Na série histórica, foi o terceiro ano em que o setor mais teve pessoas ocupadas, atrás apenas de 2013 (8,1 milhões) e 2014 (7,9 milhões).
A Indústria geral também teve aumento de 2023 para 2024, de 2,6%, chegando a 13,2 milhões de ocupados. Esse número está 1,6% acima do patamar de 2012 (13 milhões) e 1,8% abaixo de 2014, quando atingiu o maior contingente da série, de 13,5 milhões de pessoas.
Por outro lado, Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura teve a maior queda de pessoas ocupadas em 2024 (7,9 milhões) frente a 2023 (8,1 milhões), redução de 258 mil trabalhadores (-3,2%). Em relação ao início da série histórica em 2012, quando ocupava 10,2 milhões de pessoas, houve queda de 22,8%.
Outra queda na ocupação em 2024 foi observada em Serviços domésticos, que passou a ocupar 6,0 milhões de pessoas em 2024, queda de 1,4% em relação a 2023, quando ocupava 6,1 milhões. O grupamento se mantém em um patamar próximo ao alcançado em 2012, com queda de 77 mil pessoas ocupadas.