O transporte urbano segue tumultuado em Guarujá. A greve dos motoristas iniciada terça-feira (28) prossegue.

Não houve proposta ou conciliação em audiência no TRT (tribunal regional do trabalho), na tarde de quarta-feira (29). A paralisação na empresa City, concessionária do transporte coletivo urbano no balneário, é parcial devido a restrições impostas ao direito de greve no ramo pela Justiça.

Os trabalhadores exigem o pagamento de salários e benefícios atrasados.

À noite, em assembleia do sindicato dos trabalhadores em transportes rodoviários de Santos e região, os motoristas e demais profissionais mantiveram a paralisação. Os motoristas prometem manter o movimento até uma definição da justiça. O Ministério Público do Trabalho (MPT) também acompanha o desenrolar dos fatos.

Desumanidade

O vice-presidente do sindicato que representa a categoria, Betinho Simões, lamentou, após a audiência, que nem a empresa nem a prefeitura apresentaram proposta para solucionar o problema.

“Ficaram só trocando farpas. A City, contestando a dívida da prefeitura. E a prefeitura questionando o contrato. Nenhuma das duas partes parece preocupada com o trabalhador e o povo”, disse o sindicalista.

Na audiência, diante do juiz, Betinho ponderou que a empresa, com o dinheiro arrecadado nos últimos dias, deveria ter quitado a dívida trabalhista, “por questão de humanidade com os profissionais”.

Quinto dia útil

“Infelizmente, ela preferiu comprar diesel, perdendo assim a oportunidade de, com a chamada ‘pane seca’, questionar tecnicamente a dívida da prefeitura. Seria mais digno do que prejudicar pessoas”, disse.

O dirigente está preocupado com a proximidade do quinto dia útil de fevereiro, quando terão de ser pagos os salários de janeiro. Ele espera que, se isso acontecer, haja possibilidade legal de greve plena.

Os trabalhadores cumprem a determinação do TRT de manter em circulação 80% dos ônibus nos horários de pico, das 7 às 10 e da 17 às 19 horas. Nos demais, horários, o percentual é de 60%.

Sindicato quer uma solução

Apesar de exagerada, a definição da porcentagem é respeitada pela categoria para manter a greve legal. A paralisação continuará até a empresa pagar a metade restante do adiantamento salarial de 40%.

O adiantamento, também conhecido por ‘vale’, deveria ter sido pago integralmente no dia 20. Em audiência virtual, na sexta-feira (24), a Justiça determinou o percentual de circulação da frota.

Outra causa da greve, decretada na quinta-feira (23), foi o fato de o empregador ter anunciado, na quarta (22), que não pagaria o vale-refeição no sábado (25), o que acabou fazendo um dia antes (6ª-feira 24).

Nas duas audiências, o jurídico do sindicato explicou ao TRT que os atrasos têm sido constantes. A empresa alega não ter recebido R$ 50 milhões de subsídios da prefeitura, referente ao exercício de 2024.

Aguardando o julgamento

O executivo  da empresa reconhece o atraso, mas questiona os valores. Betinho lamenta que a empresa e o executivo não tenham apresentado solução para o problema na quarta-feira.

A City tem quase 800 empregados, sendo os motoristas em torno de 380. Os demais são de fiscalização, manutenção e administrativos, todos descontentes com a situação.

O número médio de passageiros por dia útil é de 75 mil, caindo para 45 mil no fim de semana. São 150 carros articulados, elétricos, convencionais e micros.

A empresa opera 40 linhas, diurnas e noturnas, duas gratuitas e uma entre a estação rodoviária e o hipermercado Assaí.

Betinho espera que tudo se resolva no julgamento a ser marcado.

Fonte: Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Santos e Região

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