Por Altamiro Borges
Após participar prazerosamente da cerimônia de posse do neofascista Donald Trump na segunda-feira passada (20), o bilionário Jeff Bezos, dono da Amazon e do jornal The Washington Post, não engana mais ninguém sobre as suas posições autoritárias. Expoente das poderosas e arrogantes big techs, ele é um empresário truculento, agressivo e sem escrúpulos. Na semana passada, o trumpista demonstrou todo seu ódio ao sindicalismo e à luta dos trabalhadores.
Segundo reportagem do jornal The New York Times, reproduzida na Folha, “a Amazon anunciou nesta quarta-feira (22) que encerrará as suas operações no Québec, no Canadá, e demitirá 1.700 funcionários que trabalham no armazém e na logística. A medida foi tomada após os sindicatos ganharem espaço em uma de suas instalações da empresa. A Amazon afirmou que está fechando as suas sete instalações para ‘oferecer o mesmo ótimo serviço e ainda mais economia aos nossos clientes a longo prazo’, segundo Barbara Agrait, porta-voz da empresa”.
A medida é uma represália ao primeiro sindicato da Amazon no Canadá, composto por cerca de 230 trabalhadores do seu armazém em Laval, ao norte de Montréal. A big tech contestou o esforço de sindicalização em um tribunal trabalhista provincial, mas foi derrotada. Como resposta, ela decidiu fechar as unidades e demitir os profissionais – demonstrando mais uma vez que não respeita a Justiça e a soberania das nações.
“Um tapa na cara dos trabalhadores”
A Confederação Nacional de Sindicatos (CSN) denunciou que soube das dispensas por e-mail de um dos advogados da Amazon. Caroline Senneville, presidente da entidade, afirmou em nota que a empresa vinha sufocando sua campanha de sindicalização desde que ela teve início há três anos por meio de ações que incluíam o que ela chamou de “demissões disfarçadas”. Agora, o golpe foi mais violento. “É um tapa na cara de todos os trabalhadores no Québec”, afirmou.
Já François-Philippe Champagne, ministro da Inovação da província, expressou nas redes sociais a sua decepção com a Amazon. “Não é assim que se faz negócios no Canadá”, postou. Jean Boulet, ministro do trabalho, garantiu que os trabalhadores demitidos receberão assistência do governo para encontrar novos empregos. E o primeiro-ministro do Québec, François Legault, relativizou a truculência da big tech afirmando que foi “uma decisão privada de uma empresa privada”.