Por: Flauzino Antunes.
A taxa de juros no Brasil, determinada pelo Banco Central – BC, continua sendo um dos maiores entraves para o crescimento econômico. A política monetária do BC joga contra o País, a Selic está em 12,25% ao ano aumentado na última reunião do dia 17/12 do COPOM em ponto percentual, o que representa uma das taxas reais mais elevadas do mundo. Essa política monetária, defendida com unhas e dentes pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem impactos devastadores na economia, prejudicando o país e aprofundando as desigualdades.
1. Impactos no crescimento econômico: um freio ao desenvolvimento
Manter juros elevados é uma política que favorece a especulação financeira em detrimento da produção. Ao encarecer o crédito, o investimento produtivo se retrai. Empresas adiam projetos, a geração de empregos é comprometida, e o consumo das famílias despenca. Isso afeta diretamente a indústria, o comércio e os serviços, setores essenciais para dinamizar a economia e reduzir a pobreza.
Dados do IBGE mostram que, em 2023, a indústria brasileira cresceu apenas 1,6%, enquanto o comércio varejista registrou uma alta modesta de 1,9%. Esses números contrastam com o potencial do país e demonstram como a política monetária restritiva freia o desenvolvimento. De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o crédito caro é apontado como um dos principais desafios para as empresas, com taxas de juros que superam 30% ao ano no crédito corporativo. O Presidente da CNI, Ricardo Alban, declarou recentemente que insistir em política monetária contracionista e de juros altos: “é um erro”.
Em um cenário de juros altos, empresários preferem aplicar no mercado financeiro, garantindo rendimentos sem risco, ao invés de investir na produção. O resultado? Menos crescimento, menos empregos e um país que patina na estagnação econômica. Vale destacar que a taxa de desemprego, mesmo com a leve queda em 2023, ainda está em 7,8%, segundo o IBGE.
2. A política monetária do Banco Central: um erro deliberado jogando contra o Brasil.
O argumento central do Banco Central para manter os juros altos é o controle da inflação. No entanto, essa justificativa não se sustenta. A inflação atual no Brasil tem causas majoritariamente inerciais e de oferta, como preços administrados e choques externos, e não por excesso de demanda. Em 2023, o IPCA fechou em 4,62%, dentro da meta estabelecida, mostrando que a inflação já estava sob controle.
Ainda assim, o BC segue aplicando uma política restritiva, asfixiando a economia e penalizando os mais pobres. O cálculo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) revela que a população mais pobre sente o impacto da política monetária em dobro, pois os juros altos aumentam o endividamento das famílias e reduzem o poder de compra. Dados do Banco Central mostram que a inadimplência no crédito ao consumo chegou a 5,3% em 2023, evidenciando o peso do endividamento.
Além disso, o Banco Central “independente”, tão defendido pelo mercado financeiro, serve apenas a interesses privados. Seu presidente bolsonarista, Campos Neto, que opera como um agente do sistema financeiro, ignora a necessidade de crescimento e pleno emprego. Ao priorizar rentistas e especuladores, ele desrespeita os interesses da maioria da população e da nação.
3. A relação entre juros, dívida pública e política fiscal
Outro argumento equivocado é a relação entre a Selic e o controle fiscal. Juros altos tornam o serviço da dívida pública extremamente oneroso, direcionando boa parte do orçamento para pagar juros aos detentores dos títulos da dívida. Em 2023, os gastos com juros alcançaram aproximadamente R$ 900 bilhões, cerca de 7% do PIB, segundo dados do Tesouro Nacional. Esse valor é superior aos investimentos federais em infraestrutura, que somaram apenas R$ 36 bilhões.
Para compensar essa sangria, o governo tem buscado fazer cortes no orçamento de políticas sociais essenciais e direitos dos trabalhadores e aposentados. Programas fundamentais, como o BPC (Benefício de Prestação Continuada), FUNDEB, assistência social e reajustes salariais (salário mínimo, abono e etc), sofrem reduções sistemáticas em nome de um ajuste fiscal que beneficia apenas o mercado financeiro. Enquanto isso, direitos históricos da classe trabalhadora são ameaçados para sustentar um modelo econômico excludente e concentrador de renda.
A política de austeridade fiscal, somada à taxa Selic elevada, cria um círculo vicioso. O governo corta investimentos sociais e em infraestrutura para cumprir metas fiscais, enquanto o custo da dívida aumenta, vira um AUSTERICÍDIO FISCAL. Em vez de reduzir o déficit, a política monetária acaba piorando as contas públicas e comprometendo o futuro do país.
Por uma política monetária que sirva ao povo, e não ao rentismo
O Brasil precisa romper imediatamente com essa lógica perversa que sufoca a economia, penaliza os trabalhadores e favorece exclusivamente os rentistas. Reduzir a Selic é mais que urgente, é uma necessidade histórica. A taxa de juros atual é um instrumento de estagnação e desigualdade, mantido por uma política monetária que ignora as reais demandas do povo brasileiro.
O Banco Central, sob a gestão de Campos Neto, está completamente desalinhado dos interesses nacionais. A continuação dessa política é uma escolha deliberada que impede o desenvolvimento, perpetua a miséria e acentua as injustiças sociais. Não podemos mais aceitar um Banco Central que governa para poucos e condena a maioria a um futuro de pobreza e desigualdade.
A economia brasileira não pode continuar nessa “barca” conduzida por Fernando Haddad. As políticas de ajuste fiscal, cortes em programas sociais e estagnação do salário mínimo são escolhas que favorecem o rentismo financeiro às custas do desenvolvimento econômico e social do país.
Temos que nos desatrelar dessa nefasta economia neoliberal, que tanto atrasa nosso País e esfola nosso povo! Essas políticas de AUSTERICÍDIO FISCAL, Juros altos, arcabouço fiscal, e cortes nos direitos dos trabalhadores e mais vulneráveis, afastam o povo do governo, e deixa o Lula mais refém do congresso conservador e de direita. Governo precisa mudar rápido e para melhor!
Não podemos aceitar as imposições de se aumentar reduções de gastos fiscais, exigindo tetos e menos investimentos no povo e nos setores produtivos, e deixar que as elevações na SELIC aumentem os gastos nominais de juros para engordar setores improdutivos como o setor de especulação financeiras, que só desequilibram as contas públicas e cortam direitos do povo e colocam mais pesos nas costas do povo.
Nos dois últimos anos do atual governo, somente o discurso de defesa da democracia não seja suficiente para ganhar as eleições. Pois o povo não sobrevive de discurso, precisa de renda, empregos de qualidade e de direitos sociais.
Haddad está conduzindo a economia brasileira para o fundo do poço, cedendo muito fácil aos interesses do mercado financeiro especulativo e rentistas da Faria Lima. Isso só os alimenta e os fortalece e enfraquece o Governo Federal a ataques especulativos. E ficará mais difícil de conte-los, pois ficam apostando na queda do Governo e esfolarão mais nosso povo!
Precisamos de políticas que priorizem o desenvolvimento econômico, a geracão de empregos e a redução das desigualdades, resgatando o Brasil de um futuro de estagnação e retrocessos.
Para isso é fundamental a revogação da lei da independência do BC e a alteração da composição do COPOM. Retornando o BC ao governo e a aos interesses da nação e o COPOM mais democrático com a entrada dos setores produtivos reais da economia nacional: empresários, produtores e trabalhadores.
É hora de recolocar o Brasil no caminho do crescimento, da geração de empregos e da soberania econômica. A política monetária deve ser uma ferramenta para o progresso e não um obstáculo. Reduzir drasticamente os juros é o primeiro passo para devolver ao povo o direito de sonhar com um país mais justo, mais desenvolvido e mais próspero.
Juros altos são a trava do Brasil. Reduzir a Selic não é apenas uma escolha econômica, é uma exigência política e moral. O Brasil e seu povo merecem mais.
Flauzino Antunes é economista e presidente da CTB-DF.