Brasil teve 231 candidaturas LGBTQIAPN+ eleitas para o legislativo municipal

Foto: divulgação.

Esta é a primeira vez que informações sobre orientação sexual e identidade de gênero aparecem nas fichas de candidatura

No último domingo (6), 231 candidatos que se identificaram como LGBTQIAPN+ foram eleitos para as Câmaras Municipais do Brasil, conforme dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Esta é a primeira vez que informações sobre orientação sexual e identidade de gênero aparecem nas fichas de candidatura, marcando um avanço significativo na visibilidade política da comunidade. Embora o número de eleitos represente um progresso, é importante notar que apenas cerca de 30% dos candidatos LGBTQIAPN+ optaram por divulgar essas informações publicamente.

Em um cenário onde a diversidade de representação é crucial, o Espírito Santo destaca-se com a eleição de Açucena (PT), a primeira mulher da Câmara de Cariacica que se declara lésbica. Este exemplo reflete a necessidade de inclusão, mas também evidencia a limitação do espaço que pessoas LGBTQIAPN+ ainda ocupam na política. O dado de que 904 candidaturas se identificaram como transgênero, com 53 eleitos, e que 2% do total de 147 mil candidatos informaram ser LGBTQIAPN+, reforça a urgência em ampliar essa representatividade.

Entretanto, muitos candidatos LGBTQIAPN+ não se incluíram na contagem oficial do TSE, mesmo tendo se declarado abertamente durante a campanha. Exemplos notáveis são Amanda Paschoal (PSOL), quinta mais votada na Câmara Municipal de São Paulo, e Thammy Miranda (PSD), ambos com uma base significativa de apoio, mas que não declararam suas identidades ao TSE. A decisão aponta para um potencial subregistro da verdadeira representatividade LGBTQIAPN+ no Brasil, onde a transparência ainda enfrenta barreiras.

A coleta de dados pelo TSE, até então realizada apenas por organizações da sociedade civil, como a VoteLGBT+, é vista como um passo histórico. Para Gui Mohallem, diretor-executivo da VoteLGBT+, em entrevista à Folha de São Paulo, afirma que a iniciativa do TSE é um avanço, mas revela a necessidade de um processo de verificação e educação contínua sobre questões de identidade de gênero e orientação sexual. Ele destaca que erros nos preenchimentos dos formulários podem ser comuns, o que sugere que a qualificação das informações ainda carece de atenção.

Em 2024, a VoteLGBT+ registrou 225 pessoas LGBTQIAPN+ eleitas, com um aumento considerável em comparação às eleições anteriores, quando foram identificadas apenas 97 candidaturas.

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