Por Altamiro Borges
Em meio à falta de perspectiva gerada pela grave e prolongada crise do capitalismo, às limitações das instituições democráticas burguesas e às dificuldades de respostas dos setores progressistas, a extrema direita segue ganhando força na Europa. Nesse domingo (29), o ironicamente chamado “Partido da Liberdade” (FPO), que teve sua origem no nazismo, venceu as eleições parlamentares da Áustria. Caso consiga costurar alianças, a sigla poderá indicar o primeiro-ministro do país.
Segundo relato da agência britânica de notícias Reuters, “liderado por Herbert Kickl, de 55 anos, o FPO teve 28,8% dos votos, à frente do Partido Popular Austríaco (OVP), com 26,3%, e dos Sociais-Democratas (SPO), de centro-esquerda, com 21,1%… ‘Fizemos história na Áustria porque é a primeira vez que o Partido da Liberdade é o número 1 em uma eleição parlamentar, e é preciso pensar o quão longe chegamos’, disse Kickl após o desempenho recorde do partido, que ocorreu sete décadas após sua fundação nos anos 1950, sob a liderança de um ex-parlamentar nazista”.
Negociações para compor o novo governo
Ainda de acordo com a postagem, o FPO terá dificuldades para conseguir um acordo. “O partido trabalhou para moderar sua imagem e ampliar seu apelo, mas Kickl continua sendo uma figura provocadora e polarizadora, amplamente detestado pelos líderes de outros partidos, que já se uniram para rejeitar a ideia de formar uma coalizão com ele. Se não conseguir persuadir outro partido a se aliar a ele, isso poderá acabar com as esperanças do FPO de formar um governo e abrir as portas para uma coalizão de partidos mais moderados”.
A conferir o desfecho das negociações. De qualquer forma, a exemplo da Itália, Holanda, França e Alemanha em recentes eleições, a extrema direita voltou a mostrar força na Europa. Os ventos não são nada promissores no mundo! A humanidade parece caminhar para dias de fortes tensões e amarguras! No final da apuração neste domingo, alguns manifestantes contrários ao FPO se reuniram em frente ao comitê eleitoral do partido para protestar. Um deles segurava um cartaz com os dizeres: “Kickl é um nazista”. Que baita regressão política!
Excitação dos neofascistas no mundo
Não é para menos que a extrema direita está em festa na Europa. Marine Le Pen, líder do partido neofascista da França, postou no X: “Após as eleições italiana, holandesa e francesa, esta onda que apoia a defesa dos interesses nacionais, a salvaguarda das identidades e a ressurreição das soberanias, confirma o triunfo dos povos em todos os lugares”. Bjoern Hoecke, um dos líderes da sigla neonazista Alternativa para a Alemanha (AfD), afirmou que “a vitória do FPO não é apenas uma vitória para a Áustria – ela se estende muito além das fronteiras da república alpina e é um bom sinal de progresso para a Europa”.
No mesmo rumo, Geert Wilders, líder do PVV que dirige o governo holandês, festejou: “Estamos vencendo! Os tempos estão mudando! Identidade, soberania, liberdade e o fim da imigração/asilo ilegais é o que dezenas de milhões de europeus desejam”. Já o vice-primeiro-ministro italiano Matteo Salvini, do partido neofascista Liga, esbravejou: “Um dia histórico em nome da mudança”.